Aproveitamento da desfolha reduz custos com adubação

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O aproveitamento das folhas que caíram no solo no ciclo anterior como adubo orgânico pode gerar uma economia de 50% nos custos de nutrição do café. Experimentos realizados há dois anos pela Fundação Procafé em regiões diferentes e com cultivares variadas mostraram que mesmo no caso do café conilon, que tem mais dificuldade na desfolha, a tecnologia é economicamente viável e nutricionalmente eficiente. O trabalho será apresentado no 36° Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, que acontece de 26 a 29 de outubro, em Guarapari (ES).

De acordo com o pesquisador José Braz Matiello, os nutrientes que a planta retira do solo para compor a folha são exatamente aqueles necessários para o desenvolvimento da cultura. Quando a adubação da lavoura é feita com produtos, não se sabe exatamente as exigências nutricionais das plantas, mas quando a adubação é feita de forma orgânica, com a desfolha, os nutrientes são oferecidos na quantidade precisa.
Esses nutrientes voltam para o solo com a lavagem. Nós percebemos que a lavagem do potássio, que é o segundo nutriente mais importante para o café, ocorre quase imediatamente. Assim que a folha seca bate a chuva, mesmo que a folha não esteja apodrecida, e o nutriente vai para o solo. Mesmo a folha verde, que ainda está no pé, é lavada pela chuva e tem seus nutrientes transportados — explica o agrônomo.

Para que a técnica funcione, o produtor precisa tomar alguns cuidados simples. Se houver ajuntamento para a colheita, é necessário esparramar as folhas de forma que cubram toda a área. No caso das lavouras já formadas, com distribuição de raízes em toda a área, quando for aplicar o implemento o cafeicultor deve jogar para a beira do pé de café. Já nas lavouras novas haverá um aproveitamento melhor se for jogado para a saia do café.

Segundo Matiello, é importante conscientizar os técnicos sobre a eficiência dessa prática para que a tecnologia seja divulgada. O agrônomo explica que normalmente o técnico fica com um pé atrás e quer acertar a nutrição em excesso, mas no final quem paga a conta é o produtor.

O objetivo de levar esse trabalho para o congresso, que tem um cunho mais prático, é mostrar que esse trabalho dá segurança para eles retirarem essa parte da indicação para a adubação. É possível economizar sem ter prejuízo na produtividade e com menor dose necessária de adubo. Normalmente, o adubo pesa em torno de 20%, 25% do custo do café. Esse gasto pode cair pela metade — afirma o pesquisador.

Fonte: Portal Dia de Campo

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