Alta histórica do café deixa produtores otimistas, mas pesquisadores recomendam cautela

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No sul de Minas Gerais a época agora é de muita chuva. Os cafezais estão definindo a próxima safra, mas ainda com as incertezas de qual vai ser a produção. Os preços com alta histórica provocam euforia, mas ao mesmo tempo as lideranças pedem cautela para que os cafeicultores não esqueçam que o endividamento do setor ainda é uma realidade.

No sul de Minas o cafeicultor Ronaldo Souza Moraes já fez as contas e na cooperativa de Boa Esperança fechou venda antecipada da próxima safra para entregar o café em Setembro. É primeira vez que o produtor faz este tipo de negociação com a certeza de estar fazendo um bom negócio.

– Nunca consegui vender café nos patamares de preços que estão hoje. Então parte da próxima safra já travei pra setembro no preço de R$ 420 a saca – afirma o agricultor.

O período de setembro a dezembro do ano passado marcou história. Os preços foram subindo de R$ 320 até atingir o pico de 430 reais a saca. Mas estamos falando de café normal tipo seis nas cooperativas. A falta do produto no mercado mundial mudou um cenário de uma década de preços baixos e assustou até os exportadores que aguardam uma definição melhor da próxima safra para fechar novos contratos.

– Nas compras de mercado a termo, venda futura, existe um pouco de cautela por parte dos exportadores, eles não estão procurando como se procura nesta época do ano, está um pouco mais segmentado – comenta Amauri Pacheco, gerente de café da Cooperativa Boa Esperança.

Difícil nesta época é chegar nos cafezais. A chuva começou bem neste inicio de ano. Ainda é cedo para definir como vai se comportar a produção de café, mas o agrônomo e pesquisador da fundação Procafé no sul de minas Alysson Fagundes mostra que para esta safra aconteceram duas floradas, a primeira foi uniforme mas a segunda não segurou o fruto no pé. Mesmo assim não vai fugir da normalidade de um ano de baixa produção. O que preocupa é a euforia do mercado. Um cenário que o pesquisador já viu no passado.

– Em 1994 após geada quando o café deu uma alta no preço, mas os produtores não tinham a mercadoria para vender. Isso até mesmo contribuiu para o endividamento que tem hoje o setor. O pessoal comprando, mercadorias, os insumos, com base café de alto preço. É o que a gente está vendo hoje.

A alta nos preços do café renovou a esperança de quitar as dívidas do passado. Os cafeicultores querem aproveitar o bom momento do mercado para abrir uma nova rodada de negociações com o governo federal.

– Hoje a saca com preços de 400, 430 reais nos propicia condição de pagamento, e se o governo fizer a renegociação nós temos como pagar, antes a 250 reais não tínhamos condição de pagar e sobreviver – afirma Manoel Joaquim da Costa, presidente do sindicato rural dos produtores de Boa Esperança.

Fonte: Canal Rural 

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