História do Café

ORIGEM LENDÁRIA

São inúmeras as lendas sobre o aparecimento do costume de beber café. A mais conhecida e mais plausível delas é a que nos conta que em meados do século XV, um pastor da Etiópia, chamado Kaldi, notando que as cabras ao ingerirem os frutos de certo arbusto se tornavam mais vivas e adquiriram mais disposição, resolveu fazer uma infusão com os tais frutos e experimenta-la. Achando que seu estado de espírito e sua disposição física melhorara, continuou a beber a infusão e passou a propagá-la. Daí em diante, foi-se difundindo o uso de beber a infusão preparada com frutos do cafeeiro.

O café serviu como alimento às populações nômades da África, que esmagavam os frutos do cafeeiro, acrescentavam-lhes gordura e davam a esta mistura uma forma esférica, mais ou menos do tamanho de uma bola de bilhar. Ainda hoje certas tribos africanas alimentam-se daquela maneira.
Com a fermentação da casca da polpa do café obtinha-se uma espécie de vinho que era muito apreciada.

Era costume também fazer uma espécie de chá, acrescentando-se água fervente às cascas secas. Só mais tarde é que iria se tornar freqüente o uso das sementes para fazer decocção, as quais usadas inteiras, posteriormente tornou-se hábito tritura-las em pilões. O uso de moinhos é bastante recente.
A palavra café, deriva-se do árabe Kahwah, cujo significado primitivo era “força” e através do vocábulo turco kahweh, veio até nossa era. Os povos que adotaram a bebida, foram adaptando o vocábulo às suas pronúncias, mas conservando sempre uma forma semelhante à original, como poderemos constatar pelos seguintes exemplos:
Em Latim – Coffea; Em Inglês – Coffee; Em Alemão – Kaffee; Em Italiano – Caffee; Em Russo – Kophe; Em Francês – Cafe; Em Espanhol – Cafe. A derivação da palavra café do nome da cidade de Kaffa, na Abissínia, é considerada uma fantasia.

DIFUSÃO

O uso do café foi ensinado aos europeus pelos orientais, e pode-se dizer que sua entrada na Europa deu-se no século XVII.

O café é originário de Kaffa, na Abissínia, não obstante a classificação dada por Lineu, de “Coffeea Arabica”, que nos apresenta o café como proveniente do Yemen na Arábia.
Os árabes foram os primeiros cultivadores do café e em vão procuraram guardar tal privilégio.

O comércio do café na Europa em Veneza e Marselha. A França, que na época era a nação mais populosa da Europa, aumentou suas importações a partir de 1660.

O primeiro Café da França foi instalado em 1672. Na Inglaterra o primeiro inaugurado em Londres, em meados do século XVII. Em Viena, a abertura do primeiro Café, em 1683, deve-se ao exército turco que derrotado deixou às portas da cidade uma grande quantidade de café.

Em 1714, Luiz XIV, da França. Recebeu de presente um pé de café que foi cuidadosamente plantado na estufa Real. Alguns anos depois, o Jardineiro-Chefe de Versalles colhia algumas fibras de café-cereja, que eram secadas, torradas, preparadas e servidas pelo próprio Rei.

Em 1723, Gabriel Mathieu Descleus obteve, das estufas reais, mudas de café que foram transportadas para a Ilha de São Domingos e alguns anos depois, de lá saiam boas sementes para as Antilhas Francesas. O controle do comércio passou então a ser exercido pela França, que o manteve até o fim do século.

Eram os Cafés Parisienses freqüentados indistintamente por todas as classes sociais e em alguns, predominavam certos grupos, motivo pelo qual o café foi apontado como um dos responsáveis pela eclosão do movimento intelectual da França no século XVIII. Em 1720, Paris já contava com 380 Cafés e ao findar o século esse número alcançara a casa dos 900. Em meados do século XVIII, as Antilhas Francesas forneciam 2/3 do café consumido pela Europa porém, o massacre dos patrões e a queima dos cafezais pelos nativos revoltados de São Domingos, transferiram para Jawa a primazia da produção cafeeira, que manteve até 1825.

Na Inglaterra, nos primeiros decênios do século XVIII, o uso do café era mais difundido que o do chá, situação que se foi alterando à medida que os ingleses foram verificando que a cultura do chá se desenvolvia melhor em suas Colônias. Em 1803, o então Ceilão foi incorporado ao Império Britânico e os Ingleses desenvolveram o plantio do café, já iniciado pelos Holandeses, e em decorrência deste desenvolvimento, temos, o ex-Ceilão (hoje Sri Lanka) como um dos principais países produtores de café.

Em meados do século XVIII, o café estava sendo plantado na América, em especial, nas Antilhas francesas e na guiana Holandesa.

Em 1727, o sargento-Mor Francisco de Melo Palheta, que foi em missão oficial às Guianas, trouxe para o Brasil algumas sementes e mudas de café, iniciando desse modo, em Belém do Pará, a sua cultura em nossa terra. Do Pará, o café foi levado para o Amazonas e Maranhão.

Em 25 de Janeiro de 1731, a “Gazeta” de Lisboa publicou a seguinte notícia:”Nos últimos navios que chegaram do Maranhão, veio algum café que se descobriu no sertão daquele Estado, ainda de melhor qualidade que o do levante e se afirma que no sítio em que se colheu, havia carga para vinte navios”.

Em 1767, O Jesuíta João Daniel assentou a existência de muitos cafezais no Amazonas, cujas produções (muitas mil arrobas) eram exportadas para a Europa. O café foi levado para o Rio de Janeiro pelo desembargador João Alberto Castelo Branco em 1770 e as primeiras plantações foram ali feitas, na cerca do Hospício dos padres, na rua dos Bourbons, e na quinta do Holandês João Hoppmann.

Ao que tudo indica, os instauradores da cultura e os responsáveis pelo desenvolvimento dos dois principais pontos de irradiação do café na província do Rio de Janeiro, foram o padre Antonio Lopes da Fonseca, que iniciou considerável plantio no Sítio Medanha, em Campo Grande, e o Bispo do Rio de janeiro D. José Joaquim Justiniano, que distribuía sementes para os lados de Rezende e São Gonçalo.

Um dos maiores incentivadores da cultura do café em nossa terra foi o Marquês do Lavradio, que em São João Marcos Isentou do serviço militar todo o lavrador que tivesse plantado um determinado número de cafeeiros.

No início do século XIX, o café era plantado no Rio de janeiro em chácaras, sítios e quintais. Tratava-se de uma produção para consumo interno que, no entanto, serviu como base à aprendizagem da cultura, facilitando o seu desenvolvimento após nossa independência.

Taunay, em sua “Programação da Cultura Cafeeira”, conta-nos que o próprio Rei D. João VI distribuía sementes de café aos membros de sua corte, com a finalidade de aumentar o plantio da rubiácea no Brasil.

A partir de 1810, a cultura do café se desenvolveu de tal maneira que em 1826 a exportação brasileira (que no início do século era praticamente nula) já representava 20% da produção mundial. A partir de 1830, o Brasil ultrapassou Jawa, tornando-se o fornecedor de cerca de 40% do consumo mundial e transformando-se no maior produtor de café do mundo.

O Estado do Rio, que era o maior produtor de café do Brasil, cedeu esta posição a São Paulo por volta de 1886, perdeu ainda para Minas Gerais e, em 1928, foi novamente deslocado, desta vez para o quarto lugar, passando o Estado do Espírito Santo para o terceiro.

Os Estados Brasileiros que hoje produzem comercialmente o café são: São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará e Rondônia.