A eleição da oposição socialista na França foi relativamente bem absorvida pelos mercados, talvez por já esperar o resultado ou então pelas declarações amenas dos líderes das duas maiores economias na Europa.
No decorrer da semana a diminuição das notas das dívidas de Portugal e Irlanda pela agência Moody’s, assim como um receio de um ainda menor crescimento da China, deram um tom mais negativo aos mercados, que fecharam mais fracos.
O cenário favoreceu o dólar americano em geral, com destaque para a valorização contra o euro de 1.34% e contra o real brasileiro de 2.43%.
O café em Nova Iorque se comportou bem frente as turbulências, encerrando os últimos cinco dias com ganhos de US$ 3.37 por saca. O robusta na LIFFE subiu mais, US$ 6.48 por saca – atingindo o maior nível desde setembro do ano passado.
Grande parte da comunidade cafeeira se encontrou no Seminário Internacional de Santos durante dois dias, e as conversas nos corredores mostraram um mercado divido. Os baixistas dizem que os preços têm que cair mais (para níveis abaixo do custo de produção) para que desestimulem o incremento de produção mundial (??). Os altistas usaram como argumentos os estoques mundiais pequenos e o consumo crescente.
Curiosa a observação de aumento de produção, que em números absolutos não é significativo. Eu estou no time dos altistas, principalmente para o último quarto deste ano quando então já começaremos a descontar um novo ano de déficit que será o do ciclo 13/14.
A CONAB divulgou sua estimativa de safra para 12/13 no Brasil, com um total de produção de 50.45 milhões de sacas, sendo 38,1 milhões de arábica e 12.3 milhões de sacas de conillon. A maior divergência entre os números das principais trading-houses está no conillon que acreditam será de 15 milhões a 19 milhões de sacas.
No mercado físico parece que os que vieram ao Brasil colocar compras nos livros não encontraram vendedores interessados em oferecer diferenciais de descontos históricos, mesmo com a moeda brasileira dando um empurrãozinho via arbitragem.
Exportadores e dealers cautelosamente sugerem a indústria que não esperem tanto para cobrir diferenciais pois os mesmos não devem enfraquecer muito mais. O problema é que os torrefadores já tinham ouvido isto e antes, e mesmo com a queda do terminal o que viram foi o contrário, portanto não estão com pressa.
Os fundos voltaram a vender um pouco o mercado, que por ora tem se mantido acima de 170 centavos e deve continuar entre o intervalo de 170 e 190 centavos (a não ser que o real mantenha o mesmo ritmo de queda).
Uma excelente semana a todos e muito bons negócios.
* Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
Fonte: Archer Consulting