Café mineiro agrega tecnologia e qualidade com apoio do Estado e atrai atenção de multinacionais

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Quem não gosta de um bom cafezinho passado na hora? Em Minas Gerais, o café – seja ele puro ou misturado com leite – é uma tradição, e não é só nas mesas dos mineiros: o estado é também o maior produtor brasileiro do grão. Com o auxílio da tecnologia e de pesquisas desenvolvidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), ligada à Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária, por meio do Programa de Melhoramento Genético Cafeeiro, o café mineiro vem evoluindo em qualidade para acompanhar as exigências e tendências do mercado – e os resultados têm sido expressivos.

Os estudos em melhoramento genético do café começaram na Epamig na década de 1970, após a ferrugem, principal doença do cafeeiro, ser constatada nas lavouras brasileiras. Desde então, já foram desenvolvidas 15 cultivares de café, que têm sido premiadas nacional e internacionalmente por sua qualidade de bebida. Além dessas, outras quatro estão em fase de pedido de registro junto ao Ministério da Agricultura.

O pesquisador da Epamig Sul, Gladyston Rodrigues Carvalho, acompanha o desenvolvimento de novos materiais genéticos de café no estado. “Quando a ferrugem deixou de ser um problema, passamos a nos preocupar em produzir cafés com outros valores agregados, como, por exemplo, boa capacidade de resposta à cultura mecanizada e melhor qualidade”, explica.

Segundo Gladyston, foi na última década que os agricultores começaram a abrir os olhos e renovar seus parques cafeeiros, com novas cultivares de café. “Nossas variedades estão sendo muito premiadas. Isso gera interesse e motivação para os cafeicultores, que percebem, cada vez mais, que este material genético novo produz tão bem quanto os tradicionais e ainda oferece muitos diferenciais, como qualidade superior”, ressalta.

Foi o que aconteceu com o cafeicultor Wagner Ferrero, de Patos de Minas, no Noroeste mineiro. Há cinco anos, ele começou a testar em sua propriedade a cultivar MGS Paraíso 2, da Epamig. Deu tão certo que o grão desta variedade produzido em sua fazenda foi eleito o melhor café do Cerrado Mineiro nos dois últimos Concursos Estaduais de Qualidade do Café.

Café produzido na Fazenda Pântano foi eleito o melhor café do Cerrado (Foto: Divulgação/Epamig)

“A Paraíso 2 recebeu na prova de xícara nota de 87,79 na escala americana SCCA, o que é muito bom. Mas a maior surpresa veio quando a Nestlé experimentou e gostou. Estamos em negociação para sermos fornecedores para a Dolce Gusto, e, se der certo, todo o nosso café Paraíso 2 será entregue para a empresa”, comemora Ferrero, que herdou o ofício da família.

Tamanho sucesso não é por acaso. O cafeicultor investe no grão: além de ter 1.100 hectares plantados e produzir 50 mil sacas por ano, todas exportadas, ele tem mais de 250 variedades de café. Para fornecer para a Dolce Gusto, ele ainda construiu uma nova usina, que possibilitou a utilização do método adotado pela empresa, cujo café é fermentado. “Meu objetivo é sempre procurar as melhores bebidas. Então, tudo tem de ser muito bem feito”, conclui.

Em Pratinha, no Triângulo Mineiro, os irmãos André e Lincoln Ferreira, que produzem café há 30 anos, ficaram em segundo lugar no último Concurso Estadual de Qualidade do Café, com a variedade Catiguá MG2, desenvolvida pela Epamig. “Nosso engenheiro agrônomo conheceu a cultivar e trouxe para nós. Gostamos muito, porque a bebida é muito boa e saborosa. Já estou ansioso para começar a colher, daqui a três semanas”, diz.

Novas cultivares em fase de registro

Segundo o pesquisador da Epamig Gladyston Rodrigues Carvalho, o diferencial da Empresa é trabalhar com pesquisa aplicada, isto é, resolver problemas e desafios práticos dos produtores a partir das pesquisas desenvolvidas. “As novas gerações de cafeicultores já enxergam o mercado de forma diferente e buscam agregar valor ao seu produto”, destaca.

Agora o foco é pensar em cultivares que se adequem melhor às mudanças climáticas e à escassez de água. “Há 15 anos, pouco se discutia sobre isso, mas já estávamos pensando neste viés. Em breve teremos bons resultados para o produtor”, explica.

Das quatro cultivares que estão em fase de pedido de registro, três apresentam resistência à ferrugem. “Apesar de uma delas não ter esta característica, ela despertou nosso interesse porque é parente da variedade Topázio, já familiar no Cerrado Mineiro, mas tem peneira mais graúda, isto é, o grão é maior”, conta Carvalho.

Entre as outras três cultivares de café desenvolvidas pela Epamig está a MG2 Araponga, que se adapta a regiões com temperaturas mais baixas. Na sequência, está a cultivar Pioneira, que, por sua vez, é resistente a regiões mais quentes e tem maturação mais tardia. Por fim, a MG2 Pau Brasil tem um aspecto do grão melhorado em relação à Pau Brasil tradicional, lançada pela Epamig em 2010, o que agrega valor ao produto.

Procura por cafés especiais é crescente

Em Capelinha, o cafeicultor Sérgio Meirelles planta duas variedades de café da Epamig, a Catiguá MG2 e a MGS Aranãs. “Antes de provar a Catiguá 2, eu não sabia que o café podia ter um sabor tão especial. Fiquei encantado. Hoje, apesar de plantar muitas cultivares, eu só bebo essas duas: a Aranãs e a Catiguá”, conta.

O sucesso dos grãos produzidos por ele é atestado pelo empresário Carlos Rocha, dono da Empório Palato, em Belo Horizonte, delikatessen que se especializou em cafés gourmets e especiais.

Foi durante a Semana Internacional do Café (SIC), em setembro do ano passado, que Carlos provou o café de Sérgio. Hoje, os pacotinhos são um dos itens mais procurados na loja. “Vendo o grão e também moído. E não param na prateleira, as pessoas já conhecem e procuram”, diz.

O negócio de Carlos, aliás, é mais uma prova da crescente qualidade e procura por cafés especiais no país. “Comecei com 20 rótulos de cafés na loja. Hoje, tenho 46 tipos, a maioria de Minas Gerais, e, até dezembro, terei 60. Os clientes buscam cafés puros e de qualidade, querem saber suas características, entendem mais do produto”, diz.

Prova minuciosa garante qualidade

Em Patos de Minas, o classificador e provador de café Marcos Joaquim Caixeta dedica-se integralmente ao café há 21 anos. Ele trabalha na Fazenda Pântano, do cafeicultor Wagner Ferrero, e sua rotina envolve o acompanhamento de todas as etapas do processo, desde a colheita até o embalo do café, com diversas provas.

A prova de xícara, processo realizado diariamente para manter a qualidade do café, consiste em muitas etapas. “Após a torra do café, esperamos de quatro horas a doze horas para prová-lo. Depois, é feita a moagem, com a medição de 7 a 8 gramas por xícara. Antes de colocar a água no café, observamos o ponto de torra. Mas também são avaliadas a fragrância, a doçura, sabor, acidez, corpo do café, entre outros”, conta, orgulhoso do trabalho minucioso que faz.

A escala SCCA, utilizada mundialmente para a classificação do café, atesta a qualidade dos cafés produzidos com a pontuação recebida. O MGS Paraíso 2 de Wagner, que recebeu prova de xícara 87,79, é considerado um café especialíssimo, segundo Marcos Caixeta. “Todos os cafés que produzimos são especiais, mas o Paraíso tem um diferencial”, finaliza.

Fonte: Agência Minas Gerais

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