Sul de Minas conquista selo de qualidade raro na cafeicultura nacional

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O café produzido em 25 municípios da Serra da Mantiqueira terá a partir de agora um selo de Denominação de Origem (D.O.), uma espécie de certidão de nascimento. Um registro que vai identificar onde ele foi produzido.

Esta certificação é um selo de qualidade considerado raro na cafeicultura nacional, sendo que, até hoje, apenas os cafés produzidos na região do cerrado mineiro tinham essa qualificação.

A obtenção da denominação de origem foi considerada uma vitória pela cafeicultura Simone Morais. Na cafeicultura há mais de 40 anos, ela faz parte do grupo produtores que recebeu a certificação.

“Me sinto extremamente orgulhosa de estar na minha geração ainda conseguindo ter esse selo tão esperado, para poder agregar valor e mostrar que nossa região tem os cafés surpreendentes, e também é uma região muito tradicional”, comemorou.

A confirmação como Denominação de Origem foi na última semana e beneficia oito mil produtores rurais de 25 municípios que mudaram, agora, o status de qualidade.

Café produzido no Sul de Minas obtém raro celo de certificação nacional — Foto: Reprodução/EPTV

De acordo com Vanúsia Nogueira, secretaria executiva da BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais, na tradução), esta obtenção teve início na região no início deste século, quando os produtores decidiram descascar os cafés e um produtor da região conseguiu ganhar um concurso internacional, sendo a primeira conquista da região.

“Esse é um reconhecimento fantástico para os produtores de café da região, tanto em termos de qualidade, de reconhecimento, pelo diferencial, que já vem sendo reconhecidos nos concursos, como também pelo trabalho social que eles realizam. Estamos falando de uma cafeicultura de montanha, onde todo trabalho é 100% manual. Ou seja, é uma responsabilidade social enorme”, comentou a secretária.

Receber uma denominação de origem não requer apenas produzir um bom café. É preciso também provar que ele tem qualidades específicas. Nesse caso, a D.O. como é conhecida no meio cafeeiro, vai reconhecer que só os cafés produzidos nas lavouras da Associação dos Produtores de Café da Mantiqueira (Aprocama) presentam características dessa região. É um certificado de originalidade.

“A qualidade do café na microrregião, ela não variou apenas em função da altitude, mas também da interação da altitude com o genótipo e com o método de processamento. Isso significa que dependendo da variedade e dependendo da altitude [e forma de cultivo], a qualidade do café será diferenciada. As principais características notadas no café da região da Mantiqueira são a acidez cítrica e elevada, corpo denso e bastante sedoso, finalização lenta e prazerosa”, apontou o professor de agronomia da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Flávio Borém.

Regiões do Brasil divididas em relação à certificação do café — Foto: Reprodução/EPTV

O presidente da Aprocam, Lucas Capistrano Alkmin, salienta que a certificação vai valorizar ainda mais o café produzido na região.

“A conquista premia um trabalho que se iniciou no século 19 e possibilita agora os produtores a venderem o café com um selo conhecido nacionalmente e internacionalmente”, garantiu.

Fonte: EPTV e G1 Sul de Minas