Com tarifas de importação acima de 400%, Japão dificulta exportações brasileiras de produtos agroindustriais
A conclusão faz parte de um estudo da Superintendência de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que mapeou as escaladas tarifárias adotadas pelo Japão a 23 produtos brasileiros, analisando desde a matéria-prima até o produto processado. Nesta relação, o comércio de matérias-primas entre os dois países foi de 95,6% do total da pauta, enquanto apenas 4,4% envolveram os industrializados. Detalhe: os japoneses importaram matérias-primas com alíquota zero do Brasil, enquanto o comércio de itens agroindústrias derivados destes insumos é irrisório ou nulo, inclusive de derivados com expressiva participação brasileira no comércio mundial.
O estudo constatou, também, que o embarque de insumos do Brasil para o Japão supera em 560 vezes o de produtos agroindustriais. Além das altas tarifas impostas, o Japão possui 15 acordos comerciais, que podem ser ampliados com a conclusão da Parceria Transpacífico, que inclui mais 12 países e está em fase de ratificação, e de um acordo com a União Europeia. Desta forma, a CNA defende um acordo de livre comércio com o país asiático para aumentar o acesso de produtos do agronegócio. “Além de ampliar exportações, tal acordo permitiria que as complementariedades entre os dois países se ampliassem ainda mais, trazendo novos benefícios para as economias e sociedades brasileira e japonesa”, justifica o estudo.
Hoje, os produtos brasileiros mais afetados pelas escaladas japonesas são o café, cereais e oleaginosas. No caso do café, as maiores altas são para preparações à base de extratos, com taxa de 239%. Para outros produtos, como café solúvel e derivados, as escaladas não são maiores por conta do Sistema Geral de Preferências (SGP), que permite alíquotas diferenciadas para alguns produtos. Os acordos entre Japão e países vizinhos, como Malásia, Tailândia e Vietnã, concorrentes do Brasil na exportação de café, também potencializam o problema e afetam a competividade brasileira.
Na parte de oleaginosas, os amendoins com casca e o descascado são os que têm as tarifas mais altas, de 465,88% e 409,38%, respectivamente. Apesar de o Brasil exportar um terço da sua produção e o Japão importar a maior parte do que consome, as escaladas impedem que o produto brasileiro entre no mercado japonês em grandes volumes. Além deste fator, as barreiras sanitárias são outro agravante. Na parte de cereais, o trigo duro e com misturas enfrentam alíquotas que chegam a 180%. Já os derivados do milho, como preparos para alimentação infantil e pastas para preparação de pães sofrem com percentuais de 190% e 470%, respectivamente.
Fonte: Assessoria de Comunicação CNA