Preço não é suficiente para estimular produção

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Algumas das maiores companhias de café do mundo avaliam que os preços elevados da commodity não são suficientes para aumentar a produção.

Executivos dizem que é essencial garantir a oferta de café no longo prazo, mesmo com preços mais altos. As cotações do café subiram no último ano, em grande parte por quebras nas safras de países que são grandes produtores, afetando companhias e consumidores. Na semana passada, torrefadoras e varejistas como Starbucks, Kraft Foods e Massimo Zanetti USA aumentaram os preços de seus produtos.

Embora os preços do café estejam perto do recorde, as companhias avaliam que muitos produtores estão cautelosos com relação aos ciclos da cultura e se preocupam com a possibilidade de que os preços caiam quando novas plantas produzirem frutos. "Acho que posso contar na mão o número de produtores que recomendariam seus filhos a se tornarem cafeicultores", disse Nicolas Huillet, gerente de comércio da Nestlé.

Huillet conduz um plano de dez anos, no valor de US$ 550 milhões, lançado em agosto, que visa a dobrar a quantidade de café que compra diretamente de produtores e cooperativas, pagando preços mais elevados. Falando em reunião da Associação Nacional de Café (NCA, na sigla em inglês), Huillet declarou que a oferta de café para a companhia, que compra 10% do café verde do mundo, poderia cair "se produtores não tiverem incentivos suficientes para produzir".

A Starbucks afirma que sempre pagou "preços justos" aos produtores. Segundo o vice-presidente da rede de cafeterias, Dub Hay, "se você quer bom café, tem de pagar". Ele se recusa a dar detalhes sobre contratos, mas disse que a companhia paga a alguns produtores um prêmio sobre o contrato "C" da ICE Futures US, em Nova York, ou então uma taxa estável.

Na visão desses executivos de torrefadoras, a produção é um crescente desafio. O café arábica, de mais qualidade que o robusta, é mais difícil de cultivar. Os cafeeiros arábica estão, em geral, plantados em terrenos acidentados, de elevada altitude, e são mais caros de se manter. Alguns produtores temem uma queda nos preços e não querem fazer o investimento em novas plantas. Um novo pé requer três ou quatro anos para produzir substancialmente.

"Os cafeicultores sofreram com preços ruins por muitos anos", comenta Henry Castillo, gerente de campo da Coopeatenas, uma grande cooperativa na região de Central Valley, na Costa Rica. "O que as pessoas não querem fazer é investir e depois ver os preços caírem." Castillo explica que, embora membros da cooperativa recebam da Starbucks um prêmio de pelo menos US$ 10 sobre o preço de mercado, por saca de 46 kg, muitos não estimulam seus filhos a continuar no negócio.

"(Produtores) usam o dinheiro para mandar os filhos para a escola", diz. "As crianças de produtores de café são profissionais." A viabilidade limitada do café é mais preocupante para alguns compradores do grão verde do que os preços altos, que podem ajudar, pelo menos, a manter a oferta estável.

"Precisa haver uma base de preço para manter os produtores no negócio", defende o diretor de torrefação e qualidade da Green Mountain Coffee Roasters, Don Holly. "Nesta fase, estamos mais preocupados com a oferta." Ele diz que a companhia paga "bem mais" de 350 cents por libra de café. Nesta segunda-feira, o contrato maio da ICE Futures US fechou a 277 cents/lb.

Fonte: Coffee Break

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