Tendências 2021: Após ano de safra e preços bons, produção de café será menor no Brasil

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Em 2020, a pandemia de coronavírus provocou uma queda de 1% no consumo mundial de café, que vinha crescendo 2% ao ano nos últimos cinco anos. Embora o isolamento social tenha alavancado o consumo dentro do lar, esse incremento não foi suficiente para amortizar as perdas nas vendas fora do lar.

Apesar do cenário adverso, o ano foi bom para os cafeicultores, em função da depreciação do real frente ao dólar. “Os preços de café arábica em reais estão, em média, 26% maiores em relação a 2019. O mesmo movimento foi observado para o café conilon, cujas cotações estão, em média, 21%superiores em comparação a 2019”, diz Guilherme Morya, analista do Rabobank.

Os números da colheita de café deste ano não estão fechados, mas as previsões variam entre 62 milhões e 67 milhões de sacas. “A qualidade (dos grãos) é o destaque desta safra, pois o clima foi extremamente favorável durante a colheita, com a ausência de chuvas”, diz Carlos Augusto de Melo, presidente da Cooxupé, maior cooperativa do segmento no mundo.

Para o próximo ano, a colheita será menor, em função de ser ano de bienalidade baixa. As projeções oscilam entre 53 milhões e 57 milhões de sacas. Mas a previsão pode ser alterada se, nos próximos meses, a estiagem persistir nas principais regiões produtoras.

“As plantas estão em floração e, sem água e com altas temperaturas, haverá o abortamento das flores, o que impacta a produção”, diz Heloisa Melo, analista da Agroconsult. “Podemos afirmar que as perdas são sérias, pois até o momento somente as temperaturas máximas diminuíram, mas as chuvas não voltaram de forma consistente”, diz Melo.

Uma menor oferta do Brasil, maior produtor mundial, poderá provocar a alta dos preços da commodity. Mas tudo vai depender da pandemia, se haverá novos lockdowns, quanto tempo vão durar e como afetarão a demanda mundial de café. Também entra nesse balanço o comportamento do clima em outros países produtores. “O excesso de chuvas no Vietnã é outro fator que pode trazer uma valorização nas cotações de café”, finaliza Morya.

Fonte: Revista Globo Rural