Seguro rural: custo ou investimento?

Imprimir

É comum pensarmos em contratar um seguro apenas quando acontece um acidente com nosso carro, quando nosso imóvel é roubado ou a nossa empresa sofre um incêndio. E isso é natural. Mas, e quando falamos da produção agrícola? Quando pensamos em perdas da nossa produção em culturas permanentes, anos a fio dedicados até que as plantas se tornem produtivas e imaginamos que em uma madrugada de geada tudo pode ser perdido…

Infelizmente, foi o que aconteceu em julho de 2021. Muitos produtores decidiram não contratar um seguro, em razão de já ter altos custos de produção ou até por ter perdido a percepção das consequências das intempéries climáticas. As geadas demoraram anos, mas vieram fortes e assolaram muitas lavouras.

Pensando nesse cenário, o Conselho Nacional do Café (CNC) foi estudar mais a fundo o tema seguro rural. “Nos deparamos com números muito menores de prêmio do que imaginávamos encontrar. Nos surpreendemos com a facilidade que o produtor tem hoje para manter sua produção com um bom seguro. Há um leque grande de opções que contam, inclusive, com subsídio federal”, contou Silas Brasileiro, presidente do CNC.

Cada um de nós já ouviu a expressão: indústria a céu aberto. E, de fato, a cafeicultura é isso. Está sempre sujeita às mudanças climáticas. Talvez, a ausência do medo, pelo fato de longos anos de aumento de produção recorde e de climas favoráveis, levou o produtor de café a pensar que seguro é um gasto inútil.

Pedro Loyola, diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento durante um encontro virtual com os diretores do CNC, no dia 05 de agosto, apresentou um histórico de eventos que impactaram a agricultura brasileira, em especial, de 1989 até a última geada do dia 20 de julho. Quase todos os anos está acontecendo alguma adversidade climática em alguma região do país, mesmo nos anos de safras recordes. “O produtor precisa fazer gestão de riscos. Calcular o benefício de ao longo de vários anos contratar um seguro e ter um fluxo de caixa constante ou reter o risco e apostar contra o clima”, ressalta Pedro Loyola.

O diretor apresentou um exemplo de contratação de seguro em Minas Gerais: para R$ 3 milhões segurados, o produtor pagaria um prêmio bruto de 3,48%, o que corresponde a R$ 104,4 mil. Porém, o Governo Federal oferece uma subvenção de 40% do valor total do prêmio, que corresponde a R$ 41.760 mil. Assim, o cafeicultor pagaria R$ 62.640,00, que corresponde a 2,088% do prêmio.

Como funciona o programa de Seguro Rural

O Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) oferece ao agricultor a oportunidade de segurar sua produção com custo reduzido, por meio de auxílio financeiro do governo federal.

A subvenção econômica concedida pelo Ministério da Agricultura pode ser pleiteada por qualquer pessoa física ou jurídica que cultive ou produza espécies contempladas pelo Programa e permite ainda, a complementação dos valores por subvenções concedidas por estados e municípios.

Para contratar o seguro rural, o produtor deve procurar uma seguradora habilitada pelo Ministério da Agricultura no Programa de Seguro Rural (PSR). Caso o produtor já tenha cobertura do Proagro ou Proagro Mais para uma lavoura, não será beneficiado pelo PSR na mesma área.

No café

Segundo informação do MAPA, no ano safra 20/21 apenas 7,5% das áreas de café foram seguradas utilizando o PSR. Para se ter uma ideia, lavouras de trigo e milho tiveram 57,8% de suas áreas cobertas por seguro rural. Isso acontece porque outras culturas são mais suscetíveis, com perdas históricas de produção. Pelo fato da frequência de perdas ser menor no café não existe a cultura de contratação de seguro para o parque cafeeiro.

Outros benefícios da contratação do seguro, segundo Pedro Loyola, é no incentivo ao uso de tecnologia no campo. “O seguro é um grande indutor de aumento de tecnologia porque o produtor sabe que se perder por intempérie climática, o seguro vai cobrir o investimento feito na lavoura”.

Mais apoio

Silas Brasileiro afirma que o Conselho Nacional do Café vai realizar um trabalho de conscientização do produtor, contando com a parceria da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), para difundir a importância da contratação do seguro rural. Outro ponto destacado por Silas Brasileiro são as tratativas que serão iniciadas com os governos estaduais para participarem do programa de subsídio ao produtor de café.

Temos 16 estados produtores de café e queremos conversar com os governadores para que possam participar desse projeto de subsídio ao cafeicultor porque o seguro é importante para que a atividade continue gerando divisas, renda e emprego no campo.

Cartilha

A Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater/MG) e o Conselho Nacional do Café (CNC) se uniram para lançar a Cartilha sobre Seguro Rural voltada aos produtores de café.

O material foi produzido pelas equipes técnicas e de comunicação das instituições e foi criado pensando em facilitar ao produtor de café o passo a passo para a contratação do seguro, garantindo mais tranquilidade no dia a dia. “Pensamos numa cartilha simples, rápida e direta para despertar o interesse do cafeicultor em contratar o Seguro Rural. Os últimos eventos climáticos, seca e geada, deixaram clara a necessidade de se prevenir”.

Cartilha “Seguro Rural para lavouras de café”

Guia completo de Seguros Rurais para toda atividade agropecuária

Fonte: Comunicação CNC