Produtor do Sul de Minas participa de pesquisa sobre emissão de carbono na cafeicultura

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Durante cerca de cinco meses, um cafeicultor de Guaranésia (MG) participou do Projeto Carbono, um estudo sobre a produção e captura de carbono na lavoura de café. A pesquisa foi realizada pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) em parceria com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e da Universidade de São Paulo (USP).

Um dos participantes do estudo foi o cafeicultor Mário de Freitas Eiras Garcia que possui cerca de 520 hectares de café arábica espalhados por várias propriedades em Guaranésia (MG). Ele contou que a pesquisa surgiu através de um convite feito por uma exportadora de Guaxupé (MG).

Cafeicultor Marinho que participou da pesquisa — Foto: Divulgação/arquivo pessoal

“Fomos convidados porque todos conhecem nosso trabalho na cafeicultura. Eles sabem que é alinhado às boas práticas de manejo. Somos certificados há mais de 15 anos”, explicou o produtor.

Marinho como é mais conhecido, falou que a pesquisa é muito relevante para uma realidade que exige boas práticas agrícolas e ambientais.

“A questão do carbono é uma demanda mundial. O Cecafé, vendo o questionamento das torrefações internacionais, se preocupou em mensurar isso para dar um feedback. Não ficamos isolados no Brasil produzindo café. Temos que oferecer o produto do jeito que os clientes querem”, afirmou.

O cafeicultor disse ainda que ficou satisfeito por participar da pesquisa e que tem a expectativa de continuar o trabalho com o Cecafé.

Pesquisa pretende medir a emissão e captação de gás carbônico — Foto: Divulgação/Cecafé

O Projeto Carbono

O Cecafé desenvolveu o Projeto Carbono para estimar o balanço de carbono na cafeicultura de Minas Gerais. O projeto aferiu a liberação e o sequestro de gases de efeito estufa nas três principais regiões do maior Estado produtor de café no Brasil: Sul, Cerrado e Matas de Minas.

A pesquisa coletou estoques de carbono do solo em até um metro de profundidade e da biomassa da planta em 40 propriedades. Desse total, foram 20 no Sul de Minas, 10 no Cerrado e 10 nas Matas de Minas, conforme proporção da representatividade da produção.

Produtor do Sul de Minas participa de pesquisa sobre emissão de carbono na cafeicultura — Foto: Divulgação/Cecafé

Além do Cecafé, o projeto foi realizado sob condução técnico-científica do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e do professor Carlos Eduardo Cerri, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). A metodologia utilizada foi a do GHG Protocol (a mais utilizada no mundo para quantificar emissões de gases do efeito estufa).

Segundo o professor da USP, Carlos Cerri, a conclusão dos estudos indica que a adoção de boas práticas na cafeicultura gera adicionalidade no sequestro de carbono.

“O que percebemos é que o CO2 é ainda mais retido no solo e na planta do que emitido na atmosfera, em relação ao manejo tradicional, que já é ‘carbono negativo’”, explicou.

Na Cafeicultura Tradicional

O Cecafé apresentou que, mesmo nas propriedades onde o café é produzido de forma mais tradicional, o resultado apurado pelo estudo é positivo, já que a atividade também sequestra mais gás carbônico do que emite gases do efeito estufa. Ou seja, a cafeicultura convencional também é “carbono negativo”.

Produtor do Sul de Minas participa de pesquisa sobre emissão de carbono na cafeicultura — Foto: Divulgação/Cecafé

Outro aspecto que a pesquisa levou em conta foi a preservação de vegetação nativa dentro das propriedades rurais. O estudo também avaliou o impacto dessas áreas de florestas mantidas pelos cafeicultores.

A conclusão das pesquisas do Projeto Carbono do Cecafé foi que a cafeicultura brasileira é um ativo fundamental para contribuir com a redução das emissões de gases associados às mudanças climáticas, retendo mais do que liberando gás carbônico na atmosfera.

“Esses resultados são cruciais, pois vêm ao encontro da sinalização mais verde da economia mundial e poderão abrir portas ao Brasil para acessar esses créditos (…), atender à crescente demanda de indústrias e consumidores por produtos sustentáveis e, por fim, mostram que a adoção das boas práticas se faz vital para atenuar os efeitos climáticos extremos” concluiu o diretor geral do Cecafé, Marcos Matos.

Nicolas Rueda, presidente da Cecafé — Foto: Divulgação/Cecafé

O Cecafé afirmou ainda que existem planos de expandir a pesquisa para outras regiões produtoras de café e que as demandas partem dos associados.

Fonte: g1 Sul de Minas – Coluna Grão Sagrado (Por Jonatam Marinho)