Produção de café conilon no ES deve cair 11,4% em 2020, estima IBGE

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A safra de café conilon deste ano no Espírito Santo deve ser menor que a de 2019.  De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa é que a produção dos grãos capixabas seja 11,4% inferior que a do ano passado. O excesso de calor,  a falta de chuva, a descapitalização dos produtores e o preço baixo influenciaram na redução da expectativa da colheita.

O Espírito Santo, é o principal produtor de café conilon do país, responsável por 66% dos grãos nacionais. A expectativa para este ano é que o Estado colha 564,5 mil toneladas das 852,0 mil toneladas de todo o país.

De acordo com o coordenador de café do Incaper, Abraão Carlos Verdin Filho, uma série de fatores levaram a queda na produção projetada para este ano. “Tivemos três anos, entre 2015 e 2017, de seca extrema e com produção em queda. Isso trouxe muitos prejuízos para as lavouras capixabas. Os produtores ficaram descapitalizados e com dívidas. Tudo isso levou o agricultor a não fazer grandes investimentos no plantio, como compra de adubo e melhorias”, conta.

Ainda segundo o especialista em cafeicultura, a safra 2019 foi relativamente boa, porém, em janeiro ocorreu uma seca extrema. “As plantas se desenvolvem e crescem entre os meses de outubro a janeiro, o que não aconteceu devido à falta de água. Além disso, ocorreu uma elevação nas temperaturas, o que resultou, em alguns casos, na torra dos grãos no pé”, explicou.

Logo após esse período ocorre a florada do café entre julho e setembro. Mas, neste momento ocorreu um vento fortíssimo no Norte do Estado, principal área de plantio do conilon, que derrubou muitas flores de café. “Cerca de 30 a 40 dias depois quando os grãos estavam crescendo veio outra ventania forte e derrubou parte dos frutos. O que resultou em mais perdas”, lembra.

Segundo Verdin, atualmente a região vive um surto relativamente médio em relação a broca do café. A temperatura alta e da umidade relativa elevada favoreceram a proliferação da infestação. A broca no café faz com que o grão perda valor de venda e qualidade de bebida.

Nos últimos dois anos a cafeicultura vem enfrentando uma crise de preços, o que fez muitos produtores deixarem de investir nas lavouras. “Em muitos casos o valor de produção é maior que o de venda. O dólar disparou e com ele o preço dos insumos usados nas plantas. Tudo isso vem causando problema para os produtores”, comenta Verdin.

SAFRA DO ARÁBICA VAI SER MAIOR EM 2020

Apesar da queda na colheita do conion, em geral, o desempenho da produção de cafés em 2020 no Estado será apenas 3% menor do que em 2019. Isso porque o arábica está em um ano de bienalidade positiva, ou seja, ano em que as plantas estão recuperadas fisiologicamente, uma vez que a produção do ano anterior foi menor.

Neste ano, a safra de arábica será 33% maior do que a do ano anterior. A expectativa é que o Estado colha 202,0 mil toneladas em 2020, enquanto em 2019 a produção foi de 151,3 mil toneladas.

Além disso, de acordo com o IBGE, os preços do produto recuperaram-se a partir do final de 2019, o que deve incentivar os produtores a aumentarem os investimentos em tratos culturais e adubação. “Até o presente momento, não se tem notícias de maiores problemas com o clima nas principais regiões de produção cafeeira do país, o que deve também refletir na produção de 2020”, apontou o instituto de pesquisa na sua nota técnica.

Fonte: A Gazeta (Por Siumara Gonçalves)

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