Preço do café não deve cair nos pontos de venda, mesmo com início da safra

Imprimir
O preço do café nos pontos de venda, que subiu 52% de dezembro de 2020 a dezembro de 2021, deve se manter nos patamares atuais pelo menos até junho deste ano, mesmo com o início da nova safra, que deve ter um volume maior do que o setor havia previsto. A estimativa foi feita pelo diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio, em entrevista coletiva nesta quarta (6/4).

Mesmo com o aumento de preços nos pontos de venda no ano de R$ 17,54 para 26,66 o quilo e a crise econômica causada pela pandemia, pesquisa da entidade aponta que foram consumidas 21,54 milhões de sacas de café torrado e moído e de solúvel no ano passado, um aumento de 1,71% na comparação com 2020. A estimativa de vendas é de R$ 15,2 bilhões e o consumo per capita subiu de 5,99 kg para 6,06 kg, no caso de café cru, e 4,70 kg para 4,84 kg de café torrado e moído. “O preço da saca atingiu os maiores valores em 5 anos, mas o café é resiliente, o consumidor se adapta e o setor mantém um crescimento constante desde 2018”, diz Inácio.

O que também subiu, segundo a Abic, foram os valores da matéria-prima, que representa 70% da formação do preço, e dos insumos. A alta do grão foi de 155% no período e a dos insumos, 107,3%.

Ricardo Silveira, presidente da entidade, produtor de café e dono de indústria, afirmou que existe uma disputa de braço-de-ferro entre agricultor e indústria na questão dos preços da saca, mas o café “navegou bem no ano passado e, mesmo com as geadas, superou as expectativas e não vai faltar, como o mercado previa”.

Segundo ele, nos últimos meses de 2021 e início deste ano choveu nos momentos certos e a lavoura respondeu bem. “Teremos uma safra bem razoável, de 58 a 60 milhões de sacas, nas previsões da Conab, e até maior na estimativa de consultorias. Uma realidade bem diferente da previsão de que não chegaria a 50 milhões de sacas.”

Silveira diz que em 60 dias haverá café novo no mercado, o que pode levar as indústrias a fazerem algumas promoções para alavancar as vendas.

Para o diretor-executivo Inácio, o comportamento do consumidor de café mudou com o aumento de preço nos pontos de venda no ano passado: em vez de fazer estoque e comprar dois ou três pacotes, leva um só e faz apenas o necessário para o consumo sem o desperdício das garrafas cheias de antes.

A pesquisa da Abic também mostrou que os hipermercados e grandes redes respondem por 49% das vendas, seguido pelos atacado e atacarejos, com 35%, e as pequenas redes, 16%. No Norte e no Nordeste, quase 100% dos consumidores compram o café em embalagem de 250 gramas e, nas outras regiões, preferem o café de 500 gramas. O Brasil, com o consumo de 21,5 milhões de sacas de café, referente a 45,3% da safra de 47,7 milhões, permanece em segundo lugar no ranking mundial de maiores consumidores, perdendo por 4,5 milhões para o consumo nos Estados Unidos.

Sem açúcar

Outra pesquisa feita pela SP Coffee Hub para a Abic com 5.460 consumidores de café de 14 municípios em agosto de 2021 mostrou que aroma é o principal atributo de qualidade procurado pelos consumidores, sejam especialistas, apreciadores ou público em geral. Na forma de consumo, um dado surpreendeu o setor: 34% do público em geral respondeu que toma café sem açúcar. Esse percentual sobe para 81% entre os especialistas e 49% entre os apreciadores, mas isso já era esperado.

Fonte: Revista Globo Rural (Por Eliane Silva)