Pesquisa da Ufla usa selênio para deixar pés de café mais resistentes

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Uma pesquisa da Universidade Federal de Lavras (Ufla) estuda uma forma de deixar o plantio de café mais resistente às baixas temperaturas. Os pesquisadores têm testado o uso do selênio para reforçar as lavouras do grão contra a geada. O objetivo é evitar que as folhas dos pés de café fiquem queimadas e, consequentemente, afastar as consequências do frio.

No ano passado, grande parte das lavouras foram prejudicadas pela geada e pelo frio em Minas Gerais. De acordo com o relatório da pesquisa, a geada chegou a atingir 156,3 mil hectares de lavouras em todo estado de Minas Gerais. O documento explica que cerca de 17,2% de todo parque cafeeiro mineiro sofreu com geada. Essa variação climática provocou podas drásticas e compromete a produção de café para 2022.

De acordo com o Luiz Roberto Guimarães, professor de ciências agrárias da Ufla, a pesquisa com selênio surgiu de um trabalho que já é feito há algum tempo usando a substância para preservar alimentos. O selênio não costuma ser usado em plantas, mas é reconhecido pela melhoria do metabolismo de animais e humanos. A substância traz uma robustez e resistência a processos oxidativos.

Ainda segundo o professor, o processo oxidativo acontece quando há geada, por isso, o selênio foi pensado como uma alternativa para dar resistência à planta. “A geada pode ser prevista com certa antecedência, então, trabalhando com essa ideia, a gente colocou o selênio na folha do café. Sabendo que consegue proteger as pessoas e os animais, também consegue proteger as plantas. Ele desenvolve um aparato de proteção e resistência na planta”, explica Luiz Roberto.

Ao simular uma temperatura tão baixa quanto aquela que aconteceria em geada, os pesquisadores perceberam que as plantas que receberam o selênio não tiveram folhas queimadas. Já as plantas que não receberam a substância, acabavam queimadas depois de um tempo por conta da variação da temperatura.

O professor ainda explica que as plantas mais novas são mais frágeis, por isso são mais afetadas pela geada. O uso do selênio nas folhas recentes é uma estratégia para prever se a substância deve funcionar também com as plantas mais velhas. “Obviamente vamos precisar fazer ajustes de doses, porque a planta mais velha requer uma quantidade maior”, afirma Luiz Roberto.

Fonte: EPTV e g1 Sul de Minas