Importação de café conilon é inevitável, avalia indústria de solúvel

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Segundo o documento, hoje é praticamente impossível comprar lotes de maior volume de café conilon(Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)
Segundo o documento, hoje é praticamente impossível comprar lotes de maior volume de café conilon. (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) divulgou relatório mensal no qual destaca a necessidade de importação de café conilon (robusta) para atender demanda doméstica para as indústrias de torrefação e de café solúvel, que exportam para mais de 130 países.

Segundo a Abics, “os recordes de exportações de conilon em 2014 e 2015 somados às quebras das safras no Espírito Santo, em 2015 e 2016, e às incertezas da safra de 2017, já comprometida pela crise hídrica, criaram um cenário até então inimaginável no Brasil”.

O documenta revela que “hoje é praticamente impossível comprar lotes de maior volume de café conilon. Quando disponibilizados, os preços são proibitivos, inviáveis para as indústrias brasileiras de solúvel concorrerem com as indústrias internacionais, que acessam matéria prima em nações produtoras concorrentes”.

A Abics explica que o Brasil é competitivo na produção de conilon quando comparados os preços dos principais concorrentes, com destaque para o Vietnã, maior produtor mundial de robusta e principal competidor. A última vez que os cafés robustas vietnamitas estiveram mais baratos que o conilon brasileiro, considerando-os colocados no Porto de Santos, foi em fevereiro de 2012, de acordo com a Abics. “Essa situação se inverte dramaticamente a partir de setembro deste ano e, em 1º de novembro, a diferença de preço do conilon nacional, quando comparado ao preço simulado do robusta vietnamita colocado no Porto de Santos (SP), alcançou incríveis US$ 22 por saca de 60 kg”, diz a Abics.

No relatório, a Abics ressalta que o déficit na oferta de café conilon em 2016 é da ordem de 4,8 milhões a 8,7 milhões de sacas de 60 kg, considerando total da demanda mínima de 30% e máxima de 40% da oferta total, ao longo do período de 2013 a 2016.

Conforme a entidade, “importar é a última e trabalhosa solução, no entanto, inevitável diante do inusitado quadro de desabastecimento. É, portanto, providência vital para manter e ampliar o market share existente e atingir as metas estabelecidas pela Abics em 2015, cujo desafio é aumentar as exportações em 50% nos próximos 10 anos.”

A Abics pondera, no entanto, que “a importação de café conilon em regime de drawback passa por um grande acordo com os produtores e demais segmentos da cadeia. Um pacto de caráter pontual, que permita compras em quantidades mensais prefixadas, por períodos determinados, e suspensas em épocas de colheita. Não deve afetar a expectativa de preços aos produtores, mas sim permitir a remuneração necessária de seus estoques remanescentes e possibilitar a preservação da sua capacidade produtiva.”

A Abics explica que o conilon é essencial na fabricação de café solúvel, sendo utilizado na proporção de até 80%. O seu rendimento industrial de extração de sólidos solúveis e carboidratos é, em média, superior em até 30% comparado aos cafés arábicas. Do ponto de vista econômico, é inviável a substituição do conilon pelos arábicas. O uso dessa última variedade significaria o fim anunciado das exportações nacionais e até o encerramento de atividade de algumas das seis indústrias hoje em operação no Brasil.

Fonte: Estadão Conteúdo via Revista Globo Rural

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