Geada preocupa cafeicultores do Sul de Minas e da Alta Mogiana

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Confirmando as previsões meteorológicas, parte do parque cafeeiro do Brasil amanheceu com temperaturas mais baixas e registro de geadas nas lavouras. Segundo relatos enviados por produtores, o evento climático foi observado na Alta Mogiana/SP e também em pontos de Minas Gerais.

De acordo com José Henrique Mendonça, presidente do Sindicato Rural de Franca/SP, boa parte da área foi atingida com intensidade moderada. “Ela atingiu boas áreas, principalmente partes altas”, comenta. Relata ainda que mesmo as áreas onde não foram registradas geadas, há preocupação devido às baixas temperaturas registradas.

Mendonça comenta ainda que depois de passar pela severa seca no ano passado, as temperaturas abaixo de 10ºC no parque cafeeiro já preocupam quando o assunto é a safra do ano que vem.

“Mesmo nas áreas que não caíram geada, tivemos temperaturas de 4,5 e até 3 graus. O que preocupa o setor é que nós viemos de uma seca muito intensa, que gerou um menor desenvolvimento do sistema vegetativo da planta. Então nós já temos uma safra prejudicada em 2021 e para 2022 a falta de vegetação da planta e mais essa geada com temperatura extremamente baixa nós vamos ter um agravante para a safra de 2022”, comenta.

José Donizeti Alves, professor e pesquisador da Universidade Federal de Lavras (UFLA) afirma que além de Franca/SP, outras cidades que compõem o parque cafeeiro também registraram geadas nos últimos dias. Em visita recente nas lavouras, ele observou o evento climático como em Campos Gerais/MG, Três Corações/MG e Espírito Santo do Pinhal/SP.

“Realmente observamos a ocorrência da geada branca nessas áreas, e apesar da preocupação, não dá para avaliar os danos neste momento, ainda na parte da manhã. Pra gente avaliar precisamos esperar até o período da tarde ou até mesmo amanhã cedo. Há possibilidade de dano, mas ainda não é possível avaliar”, explica o especialista.

Em relação às temperaturas abaixo de 10 graus e as consequências na produção do ano que vem, Donizeti também confirma a possibilidade mas explica que o tempo para saber o real impacto na planta é ainda mais longo. “Neste momento a planta tem as gemas vegetativas, que deve evoluir para o botão floral na frente, e o que acontece é que esse vento muito frio pode queimar as estruturas que ficam justamente essas gemas”, explica.

Caso isso se confirme, Donizeti explica que o dano é justamente não ter o botão floral para a safra do ano que vem. “Tem sim essa possibilidade, mas é outra condição que precisamos esperar para saber os danos, há a possibilidade, mas precisamos esperar até agosto, que é a fase de desenvolvimento do botão floral”, acrescenta.

O especialista comenta ainda que é natural que o produtor fique assustado em um primeiro momento, considerando ainda o clima tão irregular que afetou de forma expressiva a produção deste ano, que naturalmente seria de ciclo baixa e teve a produtividade ainda mais comprometida devido a seca. Explica, no entanto, que é preciso que produtor tenha paciência e aguarde pelos próximos passos do desenvolvimento do cafeeiro para entender o impacto.

“É muito importante esclarecer que existem essas possibilidades, mas que a planta do café também conta com estruturas vegetativas que a protegem contra o frio, que cobrem a planta e faz essa proteção. O cenário assusta, mas é preciso ter cautela e esperar. Se de fato queimar as gemas, aí sim teremos problemas no pegamento da florada, mas até lá precisamos aguardar”, finaliza.

Fonte: Notícias Agrícolas (Por Virgínia Alves)