FOLHA TÉCNICA: Recuperação de lavouras novas de café, no pós-geada, foi boa

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As lavouras de café no pós-geada, em geral, tiveram boa recuperação, mesmo as áreas afetadas com cafeeiros ainda jovens.

As geadas que atingiram as regiões cafeeiras em julho de 2021 foram bastante extensas. Na região Sul de Minas levantamentos efetuados mostraram que cerca de 20-25% do parque cafeeiro foi afetado. As geadas atingiram as plantas em diferentes graus, conforme a sua situação em relação ao relevo. Também atingiram cafeeiros de diferentes idades, em lavouras novas e adultas.

As lavouras jovens de café, em formação, ficam mais sujeitas aos efeitos de queima pelo frio, das geadas. Isso porque as plantas novas se desenvolvem próximas ao chão, onde o ar frio se acumula, portanto com temperaturas mais baixas nessa região. Também, por não contarem com a proteção da folhagem e ramagem da sua copa, inexistente ou ainda pequena, a ação do frio tem mais facilidade de atingir até o tronco dessas plantas novas. Assim, os cafeeiros jovens atingidos de forma severa precisam emitir brotos saídos do tronco, para recompor a copa, sendo que pode ocorrer morte de plantas.

Na situação em que áreas de cafeeiros novos foram atingidas por geada, os produtores ficam preocupados com os prejuízos e, no primeiro momento, alguns consideram a alternativa de passar o trator sobre a lavoura e plantar tudo novamente. No entanto, a experiência acumulada mostra que é preciso esperar, por cerca de 2 meses, para que as plantas mostrem sua capacidade de rebrota. Com os brotos saindo na parte baixa do tronco, inicialmente eles devem ser mantidos, e, então, quando estiverem com cerca de 10-15 cm de altura faz-se a desbrota, conduzindo o número desejado de brotos por planta. As plantas que não apresentarem brotação, pois morreram, devem receber replantio, o quanto antes possível, para que haja maior uniformidade no crescimento das plantas na lavoura.

Um exemplo de lavoura jovem atingida por geada é aqui mostrado através das fotos em seguida. Trata-se de uma área no Sul de Minas, com plantio das variedades Catucai 24/137 e Catuai, cujos cafeeiros se encontravam com 8 meses de campo, por ocasião da geada de 21. Pode-se observar que as plantas ficaram completamente queimadas (figura 1 A). Dois meses depois grande parte dessas plantas já iniciaram a brotar (fig 1- B e C).  As brotações foram conduzidas deixando um só broto por planta, reformando a lavoura, que pode ser observada com a nova copa formada, em março/22, na figura 2. As plantas que morreram foram replantadas (fig 3). Resta, agora, um problema de amarelecimento de algumas plantas que foram menos atingidas por geada e que passaram a apresentar um amarelecimento geral, e, ao se cortar o tronco, bem próximo ao solo, verifica-se uma coloração escura nos lenho, problema diferente da canela de geada, pois nesse caso a casca do tronco fica verde e a morte de tecidos ocorre apenas internamente (fig. 4).

O exemplo apresentado deixa 3 lições- a primeira é que é possível recuperar plantas jovens atingidas por geada aproveitando suas brotações, combinando com replantio de falhas. A segunda é que plantas menos atingidas podem apresentar sequelas do frio, por queima parcial interna de tecidos. A terceira se resume na constatação – a proteção por chegada de terra junto ao tronco dá maior chance de proteção de gemas, na parte baixa do tronco, de plantas jovens de café.

Fonte: Fundação Procafé (Por J.B. Matiello- Eng Agr Fundação Procafé, Salvio Gonçalves – Eng Agr Consultor em cafeicultura e Luiz A. Alves Araujo – Pós-graduado em cafeicultura)