FOLHA TÉCNICA: Ervas briófitas, tipo musgos, infestam mudas de café

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A infestação de “ervas” briófitas tem sido frequente em mudas de café, sendo importante um melhor conhecimento sobre elas, sobre as condições em que se manifestam e sobre os modos de controle, para reduzir os problemas que causam.

As briófitas são plantas de pequeno porte, que não apresentam tecidos de sustentação, nem um sistema com vasos condutores, sendo denominadas de avasculares. Apresentam estruturas semelhantes a caules e folhas, mas, na realidade, não são assim consideradas. Elas podem ser classificadas em três grupos, representados pelos filos Bryophyta (musgos), Hepatophyta (hepáticas) e Anthocerophyta (antóceros).

As ervas briófitas, em viveiros de café, ocorrem crescendo sobre a superfície do substrato das mudas, já tendo sido constatadas em mudas preparadas em bandejas, tubetes ou sacolas. Essa ocorrência sempre está associada a ambientes úmidos e sombrios. Outras condições, que já foram identificadas favorecendo o aparecimento dessas ervas, são – o uso de turfas (sem tratamentos) em substrato artificial e o emprego, na irrigação das mudas, de água de lagoas sujas, estes constituindo fontes de órgãos de reprodução das briófitas, as quais podem se reproduzir tanto vegetativamente, como por meio de esporos(sementes).

No caso de musgos comuns, mais baixos e rasteiros, eles formam uma espécie de crosta verde (figuras 1 e 2), sobre a superfície do substrato das mudas, que atrapalha a penetração da água de rega. Nesse caso, o controle já foi obtido retirando os musgos, com as mãos, através da escarificação, ou, de forma mais fácil, peneirando uma camada superior, de terra+esterco, eliminando, assim, a incidência de luz sobre esse tipo de vegetal, o qual, sem a fotossíntese, acaba sendo eliminado.Nos últimos anos apareceram infestações severas de briófitas hepáticas, talosas, como a Marchantia polymorpha (figura 3) conhecida como erva de fígado. Ela se mostrou bastante agressiva e prejudicial ao desenvolvimento das mudas e é de difícil eliminação manual. Numa aplicação feita com a finalidade de corrigir deficiência de boro nas mudas, que se encontravam infestadas por essa erva, notou-se que o uso de ácido bórico em rega, na concentração de 2%, também provocou a seca e morte da erva.

Outra erva briófita, também talosa e parecida com a Marchantia, mas ainda não identificada, apareceu em viveiro na Fda Experimental de Franca (figura 4) tendo origem, provável, na água de rega, proveniente de lagoa. Ela surgiu sobre o substrato de mudas de sacola, mesmo antes da germinação das sementes de café. Aproveitou-se para fazer um teste de herbicidas no controle. Os resultados obtidos foram bons com o uso de Clorimuron, mesmo onde as mudas de café já tinham germinado, sabendo-se que este herbicida é bem seletivo para mudas e plantas jovens de café. Ele dá uma pequena fito-toxidez inicial mas logo a muda de café se recupera. Outro produto testado, o Heat (Saflufenacil), se mostrou eficiente(figura 5), porém só seria indicado antes da germinação das sementes, pois se mostrou mais fito-tóxico em mudas novas.

Fonte: Fundação Procafé (Por J.B. Matiello e Marcelo Jordão Filho – Engs Agrs Fundação Procafé e Lucas Ubiali, Leandro Andrade, Eduardo Lima e G.Davoz- Engs Agrs Estagiários Fundação Procafé, e J. R. Dias e Lucas Franco- Engs Agrs Fazendas Sertãozinho e Thiago Castro Santos – Eng Agr Viveiro São Bernardo)