FOLHA TÉCNICA: Ataque mais severo de lagartas em cafeeiros, na região do Cerrado Mineiro

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Um ataque severo de lagartas mede- palmos em cafeeiros foi observado, este ano, na região do cerrado, que compreende o Triângulo e Alto Paranaíba, em Minas Gerais.
Diversos tipos de lagartas podem atacar as plantas de café, porém tem havido ampla predominância das lagartas conhecidas como mede-palmos, do gênero Oxidia. O ataque dessas lagartas é considerado endêmico, ou seja, normalmente ocorre na grande parte das lavouras, mas de forma branda e quase constante, atingindo poucas folhas. A ocorrência de surtos, de forma epidêmica ou grave, parece estar relacionada a desequilíbrios, causados por uso de defensivos ou por estiagens. Ultimamente, também, considera-se como agravante o excesso de nitrogênio na folhagem, influindo na maior quantidade de aminoácidos livres e na condição de folhagem mais tenra. Esses fatores agem reduzindo os inimigos naturais das lagartas (dípteros e micro-organismos) ou deixando as plantas mais susceptíveis e, assim, o ataque se agrava.

As lagartas mede-palmos pertencem às famílias noctuideae e geometrideae e à ordem lepidóptera (borboleta ou mariposa). São assim chamadas por se locomoverem de forma semelhante ao movimento de medir usando a palma da mão, com palmos. Por isso, também, tem o nome de lagartas medideiras. Quando se acham em condição de perigo essas lagartas se imobilizam, parecendo um pequeno pau ou graveto, sendo conhecidas, também como lagartas pau ou gravetinhos.

Verificou-se que o ataque das lagartas em cafeeiros no Cerrado se agravou nos primeiros meses deste ano, depois do período de fortes chuvas e de um veranico em seguida. O ataque parece começar na parta mais baixa dos cafeeiros, onde as folhas aparecem com pequenos furos, causados pela ação das lagartas bem novas, depois da eclosão dos ovos. Depois elas aparecem com maior gravidade na parte alta das plantas, ali comem as folhas pelas margens e destroem boa parte do limbo foliar.

Os prejuízos observados, causados pelo ataque das lagartas são de 2 tipos- os danos diretos, pela redução da área foliar, incidindo, principalmente, sobre a folhagem mais nova, e, os indiretos, com as lesões das lagartas abrindo caminho para a entrada de fungos e bactérias, como Phoma-Ascochyta e Pseudomonas. Esse prejuízo indireto é mais grave nas regiões frias e úmidas. Um terceiro tipo de dano, verificado recentemente, está ligado à ação das lagartas, com a destruição da folhagem e ponteiro dos ramos, provocando desequilíbrio hormonal, surgindo muita brotação lateral, saindo nos nós, onde deveria haver gemas florais.

O controle das lagartas tem se tornado difícil, muitas vezes sendo necessário usar 2-3 aplicações foliares de inseticidas para controlá-las adequadamente. Isto ocorre pela presença, ao mesmo tempo, de diversas fases do inseto, sendo os inseticidas dirigidos para matar apenas as larvas. Também, a menor eficiência pode estar ligada à ação restrita (ingestão) de alguns produtos usados. Outros dois aspectos importantes a observar, no uso de inseticidas, é a necessidade de aplicação no final da tarde ou, de preferência, à noite, pois as lagartas se escondem durante o dia e se alimentam de noite. Também, sempre que possível, especialmente na região dos cerrados, onde ocorre muito ataque do bicho mineiro, deve-se usar produtos que também tem ação contra esta praga, assim tornando mais econômico o controle.

Os produtos normalmente indicados para controle das lagartas mede-palmos tem sido os piretróides, os biológicos à base de BT (no estágio de lagartas novas) e as antranilamidas. Nos casos recentes foi obtida eficiência com produtos usados para bicho mineiro como – Hayate (Ciclaniliprole), Sivanto (Flupiradifurona), e Sperto (acetamiprido + bifentrina) e ainda Metomil (Lannate e outros) este indicado para controle de lagartas em várias culturas.

 
Fonte: Fundação Procafé (Por J.B. Matiello – Eng Agr Fundação Procafé, Marcio L. Carvalho – Eng Agr do Grupo Lais e Souza e Warley A. Rodrigues- Eng Agr Consultor)