Empresários apostam na produção de cosméticos à base de café em MG

Imprimir
Empresários apostam na produção de cosméticos à base de café no Sul de Minas (Foto: Viola Júnior)
Empresários apostam na produção de cosméticos à base de café no Sul de Minas (Foto: Viola Júnior)

Amargo, doce, no copo, na xícara, na pele ou nos cabelos. A descoberta de novos benefícios do café vem aumentando o leque de opções na utilização dos grãos e movimentando um setor que nada tem a ver com o paladar. De uns anos pra cá, a indústria de cosméticos decidiu apostar em produtos a base de cafeína e descobriu diversos benefícios para a pele, mas essa “descoberta” é um pouco mais antiga do que imaginavam.

Há registros que, já no século XIX, os russos ofereciam em suas casas de banho, grãos de café para massagem em seus clientes, com intuito de uma leve esfoliação utilizando o óleo natural do fruto. O efeito desintoxicante desta combinação resultava em uma pele brilhante e muito mais hidratada.

De bebida mais consumida no mundo a um poderoso protetor de pele, produtos à base do café fazem sucesso (Foto: Viola Júnior)
De bebida mais consumida no mundo a um poderoso protetor de pele, produtos à base do café fazem sucesso (Foto: Viola Júnior)

Em Guaxupé, uma farmacêutica especialista em cosméticos decidiu entrar de cabeça no negócio e montar uma indústria especializada somente em produtos à base de café. Com 22 anos no ramo de farmácia de manipulação, Rita Queiroz Sabbag conta que sempre teve um sonho de trabalhar com o produto originário do óleo da cafeína.

“A tendência atual é utilizar tudo o que é vegetal e o óleo do café é riquíssimo em várias propriedades. Porém, no início, a intenção era usar aquele café que sofreu a ação da chuva e não serve para beber, mas com estudos realizados pela Unicamp (Universidade de Campinas), chegou-se a um blend mesclando os melhores cafés com grãos verdes gerando um óleo com propriedades ricas em tocoferóis, vitaminas, e ácido clorogênico” diz a cosmetóloga.

Ela explica que “a prensagem dos grãos verdes gera uma biomassa chamada de ‘torta’, que é um excelente esfoliante vegetal usado em sabonetes e cremes e que a estrutura molecular do óleo do café tem afinidade com a gordura de nossa pele protegendo-a das ações do tempo”. Hoje a indústria da empresária completa 4 anos e já produz dezessete variações de produtos oriundos do enriquecimento de fórmulas à base do óleo e torta do café. “Outra grande vantagem de se trabalhar com esse novo nicho de mercado é a farta matéria prima encontrada na região que mais produz café no planeta, o Sul de Minas”, diz Rita.

Essa união da cafeína com o mundo dos cosméticos proporcionou equilibrar o valor do produto final que, não chega a ser nada exorbitante em relação a outras matérias primas. “No exterior, os preços dos produtos são muito elevados devido a taxas, impostos e transportes. Na Europa, somente pessoas de ‘classe A’ conseguem comprar, aqui a gente pode se lambuzar”, ressalta a farmacêutica.

Em relação à aceitação dos produtos no mercado, Rita conta que lançou os cosméticos em 400 drogarias do Sul de Minas e ficou feliz com o resultado: “Todos que compraram voltaram novamente para a recompra”, diz a empresária. Segundo estudos, um creme anti-celulite chegou a 83% e o anti-rugas a 95% de eficácia comprovados. “O fato de conduzir uma indústria com padrões farmacêuticos, gera produtos exclusivos que variam de fórmula para fórmula dependendo do que se propõe. Se for um produto cicatrizante, usa-se maior concentração de óleo, se for somente proteção é outra concentração”, diz ela.

Empresária lançou produtos em 400 drogarias e gostou do resultado (Foto: Viola Júnior)
Empresária lançou produtos em 400 drogarias e gostou do resultado (Foto: Viola Júnior)

Rita Sabbag enfatiza ainda o valor da utilização de produtos vegetais e sustentáveis. “Hoje, o consumidor usa produtos de óleo mineral, que é a base de petróleo e demora anos para se decompor”.

O Brasil é o terceiro maior mercado consumidor mundial do setor, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Ainda não existe dados de faturamento do segmento que utiliza a cafeína como matéria prima, mas a nova tendência mundial para a utilização de produtos vegetais, faz com que o café seja, cada vez mais, um grão multiuso e alvo de pesquisas. O que se sabe é que a força do café das montanhas do Sul de Minas está contribuindo muito além da degustação ou beleza, mas também para geração de mais empregos, diversidade econômica e saúde.

Fonte: G1 Sul de Minas (Por Viola Júnior)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *