Colheita do café no Sul e Cerrado Mineiro está terminando com quebra de 20% na produção

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Produção diminuiu de 20% em relação ao colhido em 2018; tem muito café no chão; e, mais preocupante, a próxima safra já está comprometida.

A colheita na principal região cafeeira do País, o Sul de MG e o Cerrado Mineiro, está mostrando uma quebra significativa na produção, trazendo numeros bem diferentes do estimado anteriormente pela Conab. O presidente do Sindicato dos Produtores de Guaxapé, Mário Guilherme Ribeiro do Valle, frisa: “a quebra é maior do que se previa”.

“Conforme a colheita vai se encerrando estamos percebendo que há menos grãos, fora os que estão no chão. A quebra pode chegar a 20% em relação ao que a Conab disse que colhemos em 2018 (60 milhões de sacas). Agora em 2019 vamos chegar quando muito a 47 milhões de sacas. Esse número é consenso no mercado”, frisou.

A safra de 2018, segundo dados da CONAB, produziu 60 milhões de sacas; já em dezembro de 2018 a Conab informava que a previsão para a safra/2019 seria de uma colheita entre 51 a 55 milhões. Em maio de 2019 a empresa estatal fez correção na safra, estimando que chegariamos a 51 milhões. “Mas estamos certos que o numero correto é 47-48 milhões para 2019, quebra de 20% em relação a 2018”, completa Mário Guilherme.

A qualidade da safra também foi comprometida, pois há muito café de varreção. No cerrado mineiro a queda de cafés no chão chega a 30%, informa Leocarlos Mundin, de Monte Carmelo.

Os motivos da diminuição na produção foram as alterações climáticas registradas ao longo da safra, que provocaram disturbios fisiológicos na planta. Além disso, a onda de frio entre o sabado dia 6 e a manhã do dia 7 de julho ocasionou na abertura de uma pequena florada fora de época, cujos grãos dessa “floradinha” deverão cair antes da próxima colheita.

O frio da manhã do dia 7 de julho provocou geadas pontuais em várias regiões cafeeiras. O levantamento (ainda preliminar) aponta efeitos entre 3 a 5% nos cafezais mineiros.

“Ainda não sabemos o efeito do frio nas gemas que vão produzir as novas floradas para a safra 20/21”, diz Mário Guilherme,.

“O que sabemos é que essas gemas deveriam evoluir para uma gema floral (gerando um botão que se transformaria em flor, e, na sequencia, um fruto), ou se diferenciar, e a gema transformar-se em folha. Mas por causa do frio intenso a gema pode acabar morrendo… O que sabemos, por enquanto, é que a anomalia climática pode provocar uma maior desfolha. Temos de aguardar o tempo da planta”.

O comportamento do clima foi causa fundamental para as perdas na produção. O Sudeste brasileiro registrou chuvas em excesso entre novembro e dezembro (com pouca radiação solar no período).

Na sequencia houve um veranico, com a falta de chuvas entre o mês de janeiro e fevereiro. Junto a isso temperaturas muito altas ocasionaram um índice muito grande de escaldadura de folhas e frutos (além de pouca fotossíntese) tanto na região do Cerrado e também no Sul mineiro.

Para completar também entre os meses março e abril as temperaturas noturnas ficaram bem acima da média, ocasionando um desgaste muito sensível no cafeeiro.

Assim, até o início da safra, os cafezais que vinham resistindo razoavelmente bem apresentaram uma desfolha muito grande com o encaminhar da colheita. Agora, no final da safra, o enfraquecimento tornou-se evidente, comprometendo em muito o potencial produtivo para 2020.

Segundo Leocarlos Mundin, de Monte Carmelo (Cerrado MG), “este é um problema real”.

“O Cerrado ainda tem muitas lavouras descansadas, que produzirão muito bem no próximo ano, mas no geral, com certeza, não será uma super safra porque as lavouras que saíram de uma safra média e alta não vão contribuir para que isso aconteça”.

As lavouras do cerrado que são irrigadas em ano de carga baixa geralmente produzem de 20 sacas por hectare. “Essas provavelmente não vão produzir na próxima safra”, diz Leocarlos.

As lavouras de primeira safra foram as que mais sofreram; cafeeiros que estavam com carga média (e que repetiria a carga) ficaram assim, como mostram as fotos; Já as lavouras que saíram de carga alta (irrigadas) e que no próximo ano dariam 20 sacas por hectare, essas não vão produzir nada”, explica.

— “Não é normal acontecer isso. Geralmente lavoura com carga média repete a mesma carga média no ano subsequente; já as lavouras do cerrado com carga alta dão geralmente 20 sacas em ano de baixa produtividade, mas essas lavouras ficaram muito desfolhadas. Essas lavouras, portanto, não vão repetir essa safra, elas não vão contribuir para que aconteça a grande safra prevista pelo mercado”, finaliza. Leocarlos Mundin.

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Fonte: Notícias Agrícolas

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