Café tem maior nível desde 2016 após alerta hídrico “severo” no Brasil

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O café arábica ampliou os ganhos desta semana e atingiu a cotação mais alta desde o fim de 2016. As negociações do açúcar bruto também são impulsionadas por um rali depois que o Brasil emitiu um alerta de emergência hídrica que atinge áreas estratégicas de cultivo.

O atual déficit de chuvas é considerado “severo”, segundo relatório enviado pelo Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) e outras agências governamentais. O alerta abrange grande parte do país, incluindo Minas Gerais, que lidera a produção de café, e São Paulo, maior produtor de cana-de-açúcar. A previsão do tempo indica que grande parte da região central do Brasil receberá baixo volume de chuvas de junho a agosto.

O grão arábica já havia atingido o maior nível em quatro anos em meio a preocupações com a oferta. Tanto o café quanto o açúcar subiram mais de 60% no último ano sob o impacto da seca no Brasil, que reduziu a produtividade. Alguns analistas dizem que as condições climáticas também podem comprometer as perspectivas para a safra de café de 2022-23.

“O alerta provavelmente mostrou ao país a gravidade da situação”, disse Michael McDougall, diretor-gerente da Paragon Global Markets, em Nova York. “A chuva recente no fim de semana passado e a esperada neste fim de semana é literalmente uma gota no oceano. As chuvas ficaram abaixo do normal nos primeiros quatro meses do ano”, portanto, a estação seca começou sem reserva de água, disse.

Os futuros do arábica para entrega em julho chegaram a subir 5%, para US$ 1,6315 por libra-peso em Nova York. O açúcar bruto para entrega em julho avançava 3,3%, para 17,69 centavos de dólar por libra-peso.

Embora as usinas brasileiras produzam e possam usar cana para abastecimento, muitos processadores de café dependem da hidroeletricidade, disse McDougall.

“Cerca de 77% da eletricidade do Brasil é gerada por hidrelétricas” e, caso haja racionamento, “a falta de energia pode causar uma série de problemas em todo o espectro”, disse McDougall.

Uma oscilação acima de US$ 2 por libra-peso para o arábica “poderia ser possível, dependendo da gravidade dos danos causados à safra de café do Brasil, o que se tornará evidente quando a colheita acelerar”, disse a IHS Markit em relatório esta semana.

“O Brasil acabou de ter um período de chuvas que quase não trouxe chuva”, segundo a IHS. “A precipitação foi muito baixa em muitas áreas de janeiro a abril. As áreas mais atingidas receberam menos da metade da precipitação normal, em um momento crítico em que os cafeeiros precisam de umidade para o crescimento dos grãos.”

Fonte: Bloomberg