Café: chuvas chegam tarde demais ao ES
O cafeicultor Carlos Babilon disse que arrancou 8 mil pés de café de sua propriedade. Por causa da seca prolongada, não foi possível salvar as plantas, principalmente as mais antigas, disse.
Quase três anos de clima seco afetaram a produção no Estado e a renda dos produtores. Nesta safra, voltou a chover no Estado em novembro, o que não deve dar refresco segundo cafeicultores e analistas. De acordo com eles, as precipitações chegaram tarde demais. Com o cenário alarmante, teve quem migrasse para outras culturas, como banana e manga.
“A situação tem sido muito ruim, simplesmente terrível”, disse Babilon. “De modo geral, a safra de 2017 vai ser pior que a de 2016, e a situação só vai poder melhorar novamente em 2018, se as condições climáticas continuarem favoráveis”, afirmou.
Impactos da seca – A estiagem pode fazer com que a demanda global supere a produção por pelo menos mais dois anos, impulsionando os preços e forçando torrefadoras a encontrar fontes alternativas de café fora do Brasil.
“Quanto ao robusta, a perspectiva de uma recuperação no Brasil em 2017 é ruim, e descartamos uma recuperação completa no Espírito Santo”, disse em nota o Rabobank. Segundo o banco, a escassez de robusta do Brasil deve resultar em um déficit global de café de 2,8 milhões de sacas na temporada 2016/2017, sendo possível que a demanda supere a produção em 2 milhões de sacas no próximo ciclo.
Como o café arábica pode ser usado como alternativa quando a oferta de robusta é reduzida, a escassez de robusta no Brasil contribuiu para que os preços de arábica alcançassem o maior nível em quase dois anos no começo de novembro, apesar da previsão de uma safra volumosa de arábica.
O Brasil é o maior produtor mundial de café e responsável por cerca de 20% da produção mundial de robusta, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA. Cerca de três quartos da oferta brasileira de robusta vêm do Espírito Santo.
Cenário global – Fora do país, torrefadoras que compram os grãos disseram que vão conseguir absorver a alta dos preços sem repassá-la para o varejo.
No Brasil, porém, o impacto tem sido mais forte. Como o país não permite a importação de robusta, a quebra de safra elevou significativamente os preços domésticos do café.
No caso dos produtores, os preços mais altos não têm sido suficientes para compensar a fraca produção.
Fonte: Estadão Conteúdo via DBO