Brasil deseja prorrogação de Acordo da OIC, mas tendência é renovação, diz fonte
Como ilustrou a fonte, a OIC é como um produto de mercado, que tem “prazo de validade”. Por mais que o setor esteja em crise atualmente, por conta de uma forte depreciação dos preços internacionais da commodity, tudo indica que a Organização continuará como uma referência para produtores e, cada vez mais, também importadores. A própria eleição de Sette, em março de 2017, foi bastante atípica por causa da pressão não vista antes pelos membros compradores da instituição. Naquela ocasião, eles chegaram a apresentar, de forma inédita, um candidato para o cargo, mas o Brasil, que é o maior exportador e produtor de café do mundo continuou à frente da Organização.
Essa tendência de maior aproximação da entidade com os importadores é vista claramente hoje, quando a OIC organiza na capital britânica o 1º Forum de CEOs e Líderes Globais para discutir uma saída para a desvalorização internacional da commodity nos últimos anos. “O fantasma do preço baixo surge ao mesmo tempo que a organização está se renovando”, considerou a fonte.
Como é hoje o acordo
O atual Acordo, em vigor desde 2007 e que expira em 30 de setembro de 2021, dá os parâmetros para o funcionamento da OIC. Ele determina desde como realizadas as reuniões, seus participantes, quais membros podem votar sobre quais questões e com que peso e quais são as diretrizes da organização. Atualmente, a entidade tem papel representativo mais forte do lado dos produtores e, ao que tudo indica, a pressão dos compradores tende a aumentar. Essas discussões estarão em pauta de todos os encontros da entidade nos próximos dois anos.
É possível que uma mudança a ser vista agora no perfil da entidade seja tão importante quanto a que ocorreu em 1989. Naquela ocasião, a OIC determinava cotas de exportações levando em consideração os países exportadores com clara intenção de regular a oferta mundial. Hoje, o tema de regulação de mercado passa longe da entidade, com a ausência de cláusulas econômicas.
O Brasil, que tem o maior peso de voto do lados dos exportadores, já defendia a manutenção do acordo durante as discussões de 2007. Na ocasião, a entidade era administrada pelo colombiano Nestor Osório. Um dos pontos que mais vão contra ao modelo atual é o fato de a União Europeia (UE) votar em bloco, o que acaba dando a esse conjunto de países um poder de decisão muito acima dos demais. A UE é quem tem o maior peso de votos do lado dos compradores.