Violência rural e urbana preocupa cidade de Nepomuceno

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Segundo participantes da audiência da Comissão de Segurança Pública, a sensação de insegurança aumenta a cada dia em Nepomuceno. (Foto: Guilherme Dardanhan / Ascom ALMG)
Segundo participantes da audiência da Comissão de Segurança Pública, a sensação de insegurança aumenta a cada dia em Nepomuceno. (Foto: Guilherme Dardanhan / Ascom ALMG)

A população de Nepomuceno (Sul de Minas) relatou, durante audiência pública no município, uma série de furtos e roubos nas áreas urbana e rural. Muitos disseram que a sensação de insegurança aumenta a cada dia na cidade e criticaram a impunidade no município. A reunião, nesta quinta-feira (30/6/16), foi promovida pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Nepomuceno, Ricardo Moreira Gonçalves, afirmou que a cidade vem sofrendo “onda de furtos e roubos” tanto no comércio como na zona rural. “Há poucos PMs na cidade. Reivindicamos que passe dos atuais 15 policiais para 19 profissionais”, demandou.

Ricardo Moreira reivindicou mais investigadores da Polícia Civil na cidade. (Foto: Guilherme Dardanhan / Ascom ALMG)
Ricardo Moreira reivindicou mais investigadores da Polícia Civil na cidade. (Foto: Guilherme Dardanhan / Ascom ALMG)
Outro pedido de Ricardo Moreira foi com relação à Polícia Civil. “Não temos delegado titular. Para fazer inquérito, muitas vezes temos que nos deslocar a Lavras (Sul de Minas). Precisaríamos ainda de, no mínimo, quatro investigadores. Além disso, nosso presídio está com sérios problemas”, acrescentou.

Segundo o presidente local da CDL, são vários os casos de roubo nas propriedades rurais do município. “Queremos uma guarda rural. Somos o quarto maior produtor de café do País e o terceiro do Estado, e não temos patrulha no campo”, reclamou. “Nossa cidade possui cerca de 30 mil habitantes e estamos muito inseguros”, finalizou.

Vergonha – O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Nepomuceno, Heli Tonelli, afirmou que o Poder Judiciário sempre esteve ausente na cidade. “É uma vergonha não termos um delegado fixo”, protestou. Criticou, também, o que chamou de baixo número de PMs no município. Ele contou que sua propriedade rural foi roubada sete vezes em 2015. “Levaram café, máquina e tudo mais”, denunciou.

Já o presidente da Associação dos Sindicatos Rurais do Sul de Minas, Arnaldo Bottrel Reis, disse ser favorável à redução da maioridade penal. “Nossas leis precisam ser mudadas”, criticou. Também disse ser “inaceitável” a cidade não ter um delegado titular. Disse que poucas ocorrências são resolvidas por falta de funcionários das polícias militar e civil. Ele defendeu, ainda, o porte de armas para o produtor rural.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (subseção Nepomuceno), Antônio Carlos Jacote, disse que o problema da cidade é, mesmo, a falta de efetivo das polícias militar e civil. O presidente da Câmara Municipal de Nepomuceno, Francisco Ricardo Gattini, também pediu um delegado efetivo para o município, o aumento do efetivo da PM, além da atuação da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), ligada à Secretaria de Estado de Defesa Social, no controle do presídio local. “Com isso, desafogaremos o trabalho da Polícia Militar na cidade”, pontuou.

O prefeito de Nepomuceno, Marcos Memento, afirmou que a “segurança pública precisa ser reforçada na cidade”. Também cobrou a atuação da Suapi no município, o aumento do efetivo da PM e um delegado titular. Apesar das deficiências, ele disse que a cidade pode ser considerada segura. “Não queríamos que a sensação de insegurança se multiplicasse”, ressaltou.

Polícias afirmam que demandas serão atendidas

Maurício Vieira (à esquerda) informou que 90 militares serão preparados para a região.
Maurício Vieira (à esquerda) informou que 90 militares serão preparados para a região. (Foto: Guilherme Dardanhan / Ascom ALMG)
O comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar, em Lavras, tenente-coronel Maurício Gonçalves Vieira, contou que, com o início de um curso de formação de soldados em julho, haverá ao menos 90 militares sendo preparados para a região. Ele não disse quantos PMs devem se deslocar para Nepomuceno, mas garantiu que fará “a recomposição do efetivo na cidade”.

Ele contou que, no primeiro semestre de 2016, a PM já realizou mais de 400 operações militares em Nepomuceno. “Já foram quase 100 pessoas detidas e apreendidas, entre adultos e adolescentes”, relatou. Disse, também, que há pessoas que já foram presas mais de três vezes.

O chefe do 6º Departamento de Polícia Civil de Lavras, Gustavo Henrique Magalhães Manzoli, responsável pela gestão da PC em 44 municípios e em 22 comarcas da região, afirmou que desde que assumiu o atual cargo, em junho de 2015, foram elencadas várias prioridades. Uma delas é a presença de um delegado de polícia para Nepomuceno.

Gustavo Magalhães contou que, já no ano passado, chegou a ser feito o planejamento de deslocamento de um profissional para cidade, porém a pessoa indicada entrou de licença na ocasião. “Mas o pedido está registrado. Estamos vigilantes quanto a essa questão e às possibilidades que podem surgir. E, caso o delegado já previsto retorne da licença, vamos adequar imediatamente a situação”, esclareceu.

Ele contou, ainda, que foi feito diagnóstico em Nepomuceno e concluiu-se que são necessários, além dos dois investigadores existentes, mais cinco profissionais. “O pedido já foi encaminhado para readequar o quadro na cidade”, afirmou. Sobre a cadeia pública de Nepomuceno, ele afirmou que a Secretaria de Estado de Defesa Social e o Governo de Minas garantiram que, em até nove meses, a Suapi vai assumir os trabalhos da gestão prisional.

O delegado regional de Lavras, Marcelo Vilela Guerra, acredita que um delegado fixo na cidade contribuiria muito para o andamento das investigações. “É preciso lembrar ainda que, dos dois investigadores do município, um se aposenta hoje. Além dele, teremos apenas mais dois escrivães”, ressaltou. Ele afirmou, no entanto, que os pleitos têm sido encaminhados para sua chefia. “Contamos com apoio da comissão para alcançar essas demandas”, acrescentou.

Parlamentares criticam modelo de segurança vigente

Deputados apresentaram uma série de pedidos de providência ao governo sobre o tema da reunião. (Foto: Guilherme Dardanhan / Ascom ALMG)
Deputados apresentaram uma série de pedidos de providência ao governo sobre o tema da reunião. (Foto: Guilherme Dardanhan / Ascom ALMG)
O deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB), autor do requerimento para a reunião, elogiou lideranças de Nepomuceno que, segundo ele, manifestaram-se a favor da audiência. Em sua opinião, o aumento da violência é culpa do atual sistema de segurança do País. “O modelo está falido. É preciso investimento e prioridade na área”, ressaltou.

O deputado Sargento Rodrigues (PDT) criticou o Direito Penal brasileiro que, na sua opinião, não atende ao País. “A pena aplicada a criminosos, para alcançar seu objetivo, devia perpassar três eixos: certa, célere e severa. E isso não ocorre no Brasil”, opinou. Ele criticou ainda o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), chamando-o de “poético, lírico e bucólico”, e afirmou que os recursos voltados para a área da segurança no Estado estão diminuindo.

Já o deputado João Leite (PSDB) contou que 70% dos presos não têm conhecimento de quem é o pai. “Faltou a família para essa pessoa”, pontuou. Para ele, é preciso responsabilizar esse pai que faz o filho e desaparece. “Prendam esse homem até cumprir seu papel como pai”, sugeriu. Ele ressaltou que um dos grandes problemas da sociedade é a droga. “Roubo de celular é para quê? Para compra de droga”, salientou.

Requerimentos – Ao final da reunião, os deputados apresentaram uma série de pedidos de providência ao Estado relacionados ao assunto debatido e para solucionar as principais demandas apresentadas: um delegado titular para a cidade, o aumento do efetivo da PM e a atuação da Suapi na gestão da prisão local. Os requerimentos serão votados em uma próxima reunião da Comissão de Segurança Pública.

 Fonte: Assessoria de Comunicação da Assembléia Legislativa de Minas Gerais

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