Venda de mudas cai nos viveiros de café de Minas Gerais

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As constantes oscilações nos preços do café estão fazendo com que os produtores esperem um pouco mais para investir em novas áreas de plantio em Minas Gerais. A situação reflete diretamente no setor de mudas, onde a queda na comercialização já é contabilizada.

A estiagem que ocorreu, entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, foi o principal fator para que os preços do café, que ficaram entre R$ 270 e R$ 400 a saca, oscilassem neste primeiro semestre. As chuvas nesse período não passaram de 100 milímetros, quando o normal para a região seriam 300 milímetros.

– Aqui na região de Patrocínio, em janeiro e fevereiro tivemos uma quebra nas chuvas de 95 e 98 milímetros, mas municípios não tiveram nem 50 milímetros. Nessas regiões, a quebra vai ser mais significativa na produção e isso vai influenciar também na safra de 2015, por causa da falta de desenvolvimento do grão – conta o produtor Kássio Humberto Fonseca.

No campo, o problema se reflete na falta de investimento nos cafezais. Na propriedade de Marcelo Queiroz, presidente da Associação de Cafeicultores da Região de Patrocínio (Acarpa), uma nova lavoura custaria em torno de R$ 12 mil por hectare. Para cortar os custos, a alternativa foi fazer o manejo de poda na plantação mais velha. A opção, que já mostra o avanço das ramas, deve garantir a produtividade de até 70 sacas por hectare.

– É uma alternativa que os produtores têm buscado, é bastante usada na região. Assim, o produtor não tem que renovar, plantar, uma nova área. Com esqueletamento e poda dá um bom resultado e produtividade melhor – diz Queiroz.

O produtor Kássio Fonseca também resolveu não antecipar o plantio de uma nova área com o grão, como havia previsto.

– Nós tínhamos vontade de aumentar a lavoura, mas ficamos bem cautelosos em relação ao preço, porque os custos são altos e a gente tem que ter mais cuidado para trabalhar com mais segurança.

No mercado de mudas, é possível ter uma ideia de como os preços do café estão interferindo diretamente na comercialização da planta. No viveiro do município de Patrocínio visitado por nossa reportagem, as vendas estão cerca de 50% menores em comparação com os dois últimos anos, e as encomendas também caíram. Mesmo assim, o proprietário espera que haja alguma mudança no decorrer dos próximos meses.

Arnaldo Ferreira dos Santos, proprietário do viveiro, produz seis variedades de mudas há 40 anos. Ele confirma que nos anos de 2012 e 2013 houve redução de áreas novas com plantio de café. Da produção total de 1,3 milhão de mudas, já foram comercializadas apenas 600 mil mudas.

– A nossa perspectiva para esse ano é que o café mantenha esse preço dos R$ 400 ou que suba até um pouco mais, para que possa aumentar o plantio em torno de 10% a 20%. Se não ficar nesses preços, esse ano vai sobrar mudas novamente.

Canal Rural – RuralBR
Jandira Vanin

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