Veja diferenças e semelhanças da atual crise econômica e a de 1929

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Que lições políticos e economistas tiraram daquela que era até agora é considerada a maior delas? Sábado, 29/10, foi o aniversário do célebre crash de 1929.

Começou com uma bolha especulativa nos Estados Unidos e terminou com uma enorme crise financeira que se espalhou pelo mundo. Poucos anos depois, veio a depressão econômica. O paralelo entre a crise de 29 e a de hoje é inevitável.

“É bom lembrar que a crise começa com uma bolha imobiliária tal qual aparece também em 29 e ao mesmo tempo uma política creditícia que facilitava a compra desses imóveis. Você começa a especular preço de ações, empresas começam a valer um preço irreal negociado na bolsa de valores. Isso é um problema que teve em 29 que voltou a acontecer recentemente”, fala o historiador Marco Antonio Villa.

No passado, foi muito pior. A década de otimismo, embalada pelas jazz bands e pelo charleston, acabou em 29 de outubro em 1929, o dia mais trágico da história do mercado financeiro global.

Em um único pregão, a bolsa de Nova York perdeu US$ 14 bilhões, dez vezes mais que o orçamento do governo federal americano na época.

Com o sonho de fortuna fácil, muitas pessoas se endividavam para comprar ações. Com o crash, famílias ficaram na miséria da noite para o dia empresas e bancos faliram, fábricas fecharam.

Em três anos, o PIB dos Estados Unidos caiu quase pela metade. Muito diferente do que acontece hoje. Três anos depois do auge da crise, a riqueza do país não caiu, apenas estagnou.

Em 1929, a economia do Brasil era mais simples e tinha basicamente um único produto de exportação: o café. A queda brusca do comércio internacional atingiu o nosso país em cheio e tentando evitar um colapso econômico, o governo comprou milhões de sacas dos agricultores, simplesmente para incinerar o produto.

Oitenta e dois anos depois muita coisa mudou. O café perdeu boa parte da sua importância. A economia do Brasil se diversificou e o país ocupa um lugar importante num mercado internacional que é muito mais complexo. Hoje, o governo conta com outros instrumentos para combater a crise que vem de fora e os especialistas dizem que estamos mais preparados para enfrentar turbulências.

“Hoje nós temos uma economia agrícola muito diversificada, um setor mineral diversificado, um importante setor industrial consolidado, um amplo setor de serviços e um estado com capacidade fiscal enorme. Em resumo: o Brasil hoje é muito melhor do que era o Brasil em 1929”, diz Villa.

O remédio usado em ambas as crises foi o mesmo: o aumento do gasto público para injetar dinheiro na veia da economia. A diferença é que no passado o foco foi a geração de empregos e agora, o resgate do sistema financeiro. Os bancos se salvaram, os países, não.

A Grécia já foi para o buraco. Itália, Irlanda, Portugal e Espanha estão no mesmo caminho e ameaçam arrastar mais gente.

“Como todo remédio, se dá pouco é ineficaz e se dá muito é veneno. Acertar a dose certa é o grande problema do economista. Hoje nós estamos 80 anos depois, num mundo completamente diferente, e os mesmos remédios não estão produzindo os mesmos efeitos. É preciso mais ou talvez é preciso melhores, outros remédios que não são mais aqueles que no passado deram resultado”, avisa o economista Roberto Giannetti da Fonseca.

“O mundo em 1929, você tinha um pequeno número de países desenvolvidos e um enorme número de países chamados subdesenvolvidos. Hoje o mundo é outro. Não é mais aquele mundo do centro para a periferia. Hoje a periferia, parte dela, está no centro. Por isso que as soluções econômicas hoje são mais difíceis de ser tomadas. o mundo é muito mais complexo”, afirma Villa.

Fonte: Jornal da Globo

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