UFLA promove degustação com o café mais caro do mundo
Uma mesa de degustação com 12 amostras de alguns dos cafés mais valorizados do mundo. Esta inusitada experiência foi oferecida pelo professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Flávio Meira Borém, na sexta-feira (03), nas instalações do Polo de Tecnologia em Qualidade do Café. A idéia foi apresentar aos participantes a oportunidade de experimentarem cafés de diferentes origens do mundo: Kênia, Etiópia, Indonésia, Guatemala, Costa Rica, El Salvador, Colômbia e Brasil. Dentre as amostras altamente valorizadas no mercado internacional, Kopi Luwak, o café mais caro do mundo, que chega a ser vendido a 1000 dólares o quilo. Kopi Luwak faz referência ao felino asiático que digere os grãos cereja de café e depois defeca suas sementes, tornando-o exótico pela ação no trato digestivo do animal.
Separados em dois grupos de 15 participantes, a experiência envolveu tanto professores e pesquisadores que tem o café como tema de seus estudos, quanto consumidores curiosos sobre novos sabores, como desvendar os cafés do Kênia e de Sumatra. Autor da obra “Pós-colheita do Café”, a intenção do professor Borém foi mostrar ao consumidor comum, que não é degustador profissional de café, que é possível a percepção de nuances diferenciadas de sabores e aromas dos cafés mais apreciados no mundo. Para registrar esta avaliação, cada participante recebeu uma planilha simplificada para anotar as percepções de algumas características básicas para serem observadas durante a prova.
Na mesa de degustação havia somente cafés finos comerciais, com variações de torra próprios de cada produto. As amostras fazem parte de uma coleção pessoal do professor Borém, adquiridas em suas próprias origens ou em lojas especializadas. O Kopi Luwak foi comprado em sua última viagem à Indonésia, onde participou de um congresso internacional de café. Uma das amostras do Kopi Luwak, também conhecido como café do gato, foi comprada diretamente de um produtor familiar. Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer os grãos crus deste café exótico e depois desmistificar os segredos que o fazem tão valorizado.
Na avaliação do professor Borém, o segredo do Kopi Luwak está em sua raridade. Ele explica que este café oferecido na sessão apresenta excelente qualidade, com aroma intenso e doçura marcante. Mas está em sua oferta reduzida o motivo de tamanha valorização, sendo vendido em embalagens com peso médio de 100 gramas, para um grupo seleto de apreciadores. Porém, para alguns degustadores, sua imagem é destacada por uma eficiente campanha de marketing.
De acordo com Borém, o Brasil tem grande potencial de crescer na oferta de novos sabores e aromas. Para isso, seria interessante um programa de melhoramento voltado especificamente para a descoberta de genótipos que expressam sabores e aromas exóticos, aproveitando a diversidade de ambientes em que o café é produzido no Brasil.
Quando perguntado aos participantes da degustação (realizada às cegas) qual seria o café Kopi Luwak, como esperado, a maioria destacou a amostra que apresentava o sabor mais distinto dos demais. Curiosamente, a amostra era um natural do Brasil, do Sul de Minas, o que demonstra o potencial do Brasil em ofertar cafés diferenciados.
Além da experiência de provar novos sabores, a degustação chama atenção para outra importante constatação: o Brasil deve aprender com os produtores de outras origens a fazer marketing.
Fonte: Pólo de Excelência do Café