Ufla desenvolve gel para cafeicultura

Os pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (Ufla) estão desenvolvendo projetos voltados para a promoção do uso sustentável da água na agricultura tendo, como uma das principais linhas de pesquisa, a adequação do hidrogel para a cafeicultura. O polímero, de alto poder de absorção de líqüidos e aplicações variadas, é amplamente utilizado em fraldas e na cultura do eucalipto, por exemplo. No café, a tecnologia, chamada de polímero hidrorretentor, vem apresentando resultados positivos no plantio das mudas e proporcionado economia no volume de água utilizado.

De acordo com o professor titular da Ufla Rubens José Guimarães, o polímero é um gel que quando adicionado no plantio das mudas absorve a água disponível no solo e vai liberando a mesma lentamente, formando uma reserva de água e reduzindo a chance das mudas recém-plantadas morrerem em virtude de uma estiagem, por exemplo. No caso dos cafezais irrigados, o uso do polímero permite que o intervalo entre as irrigações seja ampliado, gerando economia financeira e do recurso natural.

O polímero hidrorretentor apresenta capacidade de reter água durante as chuvas ou irrigações e disponibilizá-la para as plantas nos períodos de déficit, possibilitado otimizar de forma sustentável a oferta de água para a planta. No café, são vários os efeitos positivos, desde a formação da muda até a implantação da lavoura, observando que o uso de polímero tem permitido a reposição de água ao solo, de forma mais espaçada, sem que as plantas apresentem sintomas de estresse h&iaiacute;drico.

Ainda segundo Guimarães, todas as pesquisas sobre o uso do polímero na cultura do café devem ser concluídas em cerca de quatro anos. Além do uso do produto como retentor de água nas mudas do cafeeiro, estão sendo estudadas outras formas de utilizar o produto em associação com técnicas variadas, como, por exemplo, junto aos compostos orgânicos. Também serão avaliados o período em que o polímero fica no solo, a necessidade de reposição do mesmo pelos cafeicultores e se o produto é eficaz nas lavouras já desenvolvidas.

Aplicações – Até o momento, os resultados são favoráveis. Para se ter ideia, a capacidade de absorção de água supera em 400 vezes o volume utilizado do hidrorretentor. O pesquisador afirma que são vários os trabalhos desenvolvidos em relação ao polímero em si ou em associação com outros tecnologias. "Nosso objetivo é adaptar o hidrorretentor para que a produção agrícola seja cada vez mais sustentável. O menor e mais eficaz uso da água é uma demanda mundial e é preciso caminhar para isso".

Outra vantagem do produto é o custo acessível. Segundo Guimarães, são gastos entre R$ 0,08 a R$ 0,10 por muda de café. Com isso, o custo de implantação em um hectare, com cerca de 5 mil plantas, fica entre R$ 400 e R$ 500.

A vantagem de investir nesta tecnologia é muito grande. O cafeicultor tem uma garantia a mais de que as mudas não serão perdidas caso ocorra seca prolongada. Segundo o pesquisador, "devido à má distribuição de chuvas, efeito visto nas últimas duas safras, existe a necessidade de se buscar tecnologia alternativa para manter a umidade no solo, evitando altos índices de replantio que eleva consideravelmente o custo de produção da implantação. Também no caso de lavouras adultas, tecnologias que proporcionem um fornecimento de água mais bem distribuído pode evitar grandes perdas de produção, como ocorreu na safra anterior".

Alguns cafeicultores de Minas Gerais estão testando a nova tecnologia, porém, a expansão da adoção depende da finalização dos estudos que garantam que o sistema realmente é eficiente e econômico. "Os estudos ainda estão em desenvolvimento e vamos pesquisar questões essenciais como a melhor forma de aplicação, o número de aplicações necessárias ao ano, o melhor polímero a ser utilizado, entre outras. Acreditamos que os resultados serão favoráveis já que os produtores que estão testando aprovam o produto, além dele ser amplamente utilizado na produção de eucalipto", assinala Guimarães.

Fonte: Diário do Comércio