Torrefadoras diversificam formas de vender e consumir café

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A forma tradicional de se preparar o café – com o coador de pano ou de papel – continua na preferência dos consumidores da bebida, mas ampliam espaços no mercado o café expresso, capuccino, gourmet, descafeinado, orgânico e de região certificada. O café faz parte do hábito alimentar dos sorocabanos e, para atender as preferências de consumidores mais exigentes, já é vendido também em sachês e cápsulas. E as torrefadoras de Sorocaba, atentas às exigências dos apreciadores de café, têm investido em novas formas de comercializar a bebida, inclusive com padrões ainda mais rigorosos de qualidade, caso dos cafés especiais e dos premiados, estes fabricados com grãos criteriosamente cultivados e selecionados para garantir um sabor inconfundível de um café tipo exportação.

Cápsulas

O surgimento das cafeterias, nos últimos 10 anos, trouxe uma mudança nos hábitos de consumo da população. E o mercado sorocabano ganhou até mesmo o café em cápsula que pode ser preparado individualmente em máquinas específicas da marca Rossi e comercializado pela torrefadora sorocabana Café Santa Fé.

A empresa local é sócia da italiana Rossi (fabricante das máquinas), há 10 anos, e responsável pela comercialização das máquinas no Brasil. As máquinas são importadas de uma unidade da Rossi na China. A Rossi é uma das principais fabricantes de máquinas de café expresso do mundo, com filiais na China, nos Estados Unidos, França, Canadá e no Brasil, entre outros países, informa o empresário Luis Fernando Leme.

Há 5 ou 7 anos as máquinas de café custavam em torno de R$ 10 mil; os preços foram caindo e hoje uma máquina para preparar o café vendido em cápsula pode ser comprada por R$ 600 e o café é vendido em pacotes com 75 cápsulas, com quatro blends de café, acrescenta o empresário. Blend é a combinação de grãos para garantir o melhor sabor.

A empresa Café Santa Fé controla toda a cadeia, desde a fabricação das cápsulas até a comercialização e é a única torrefadora certificada com a ISO 9000 em toda a América Latina para a fabricação de café em forma de sachês, cápsulas, grãos e filtro, tendo como clientes redes de hotelaria e supermercados, entre outros pontos de venda. Temos um processo de controle muito rigoroso e isso acaba atraindo grandes oportunidades de negócios, salienta Leme.

Agora, a empresa prepara o lançamento de uma linha de chás (preto, verde e branco) para ainda este ano. E a mesma máquina pode preparar também chocolate quente.

Duas marcas

Empresa com mais de 60 anos de atuação em Sorocaba, desde 63 o Café São Bento está sob o comando da família do empresário Nicolau Moisés Filho, que manteve as marcas São Bento e KiKafé. Os grãos são os mesmos e a diferença está no ponto da torra, que torna o São Bento um pouco mais forte que o Kikafé, explica Nicolau. Isto para agradar os consumidores que preferem um café mais forte, mais encorpado, e também aqueles que gostam de uma bebida mais suave.

O principal mercado do Café São Bento está no litoral Sul do Estado, enquanto o Kikafé tem mais consumidores nas cidades ao longo da rodovia Raposo Tavares e da antiga Estrada de Ferro Sorocabana.

Em 2000, a empresa começou a trabalhar com o café expresso e atualmente aluga máquinas para empresas, clínicas, escritórios, restaurantes, pizzarias, instituições de ensino, e tem registrado interesse crescente. O aluguel custa R$ 100 (máquina de café) e R$ 120, a que prepara café com leite. A locação é feita somente em Sorocaba por questões de custo para a assistência técnica.

Nicolau destaca o crescente consumo de café, entre 5% a 10% nos meses de inverno e também os benefícios da bebida para a saúde humana, comprovados inclusive por pesquisas desenvolvidas nos Estados Unidos e, no Brasil, pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).

Especial e premiado

O café especial tem um tratamento diferenciado, desde o cultivo, a colheita, a separação dos grãos, a torra e moagem. Hoje há o café do cerrado baiano, do cerrado mineiro (ambos com altitudes diferenciadas), estes são cafés que têm uma característica de acidez diferente do café da mogiana paulista, informa o proprietário do Café Excelsior, Wilson Kalil Filho.

O café especial com a marca Excelsior é cultivado por produtores dessas três regiões. A empresa obteve um pequeno lote no concurso da Abic que todo ano promove um concurso dos melhores cafés do Brasil.

Kalil Filho informa que compra o lote do café em grão para depois industrializar e vender. ‘Vamos ter do cerrado baiano, cerrado mineiro e da região mogiana. O consumidor, em determinados lugares, poderá perceber a diferença entre o café de uma ou outra região‘.

A empresa investe em melhorias no café tradicional, que já detém o certificado de qualidade da Abic. Selo de Pureza e Programa de Qualidade do Café. É a única empresa de Sorocaba que possui a certificação de qualidade da Abic. Todo ano a empresa passa por uma auditoria para a renovação da certificação. O Café Excelsior está entre os melhores cafés do Brasil, selecionado num evento realizado em Brasília, no início do mês. Para isso, a empresa criou uma embalagem especial e das oito participantes ganhou o prêmio de melhor embalagem.

O grande segredo da indústria de torrefação é trabalhar seus blends e mostrar que existem vários tipos de café, com diferentes níveis de qualidade. O mercado consumidor do Café Excelsior está concentrado na região de Sorocaba e a empresa planeja expandir mercados com os especiais e premiados. A empresa começou a investir nos cafés especiais e premiados há 12 anos. ‘Tudo é questão de trabalho, de plantar a semente e cultivá-la colher os frutos depois. Há 12 anos quando começamos com o café expresso a ideia era ter uma linha a mais; hoje é uma fatia considerável na nossa produção. Tudo isso é trabalhado gradativamente para dar mais opções para o consumidor de todos os níveis‘, destaca Kalil Filho.

Manter a tradição

Outra marca tradicional de café consumida entre os sorocabanos, o Café São Paulo não tem mais torrefadora na cidade, mas continua sendo vendida pelas redes de supermercados de Sorocaba e região, informa o supervisor de vendas Igor Fernando Marcelino. Desde 2008, a moagem e torrefação são feitas pela empresa Florão Alimentos, de Santo Antonio da Platina. O consumo cresce pela inserção da bebida até mesmo na merenda escolar e por ter ganho a preferência dos jovens e dos baristas que preparam drinques à base de café gelado, afirma o supervisor. A Notícia foi publicada na edição de 24/05/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno C

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

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