Tecnologias para monitoramento e controle da broca-do-café
Em decorrência da preocupação do setor cafeeiro com o ataque do Hypothenemus hampei, entidades do setor privado se uniram na elaboração de um material simples e inovador que orienta o manejo integrado da broca-do-café. Nesse contexto, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA está promovendo uma campanha de alerta aos cafeicultores, na qual destaca a importância do monitoramento e, se necessário, adoção de controles químico e/ou biológico, especialmente na fase produtiva da lavoura cafeeira que é caracterizada pela etapa da granação dos frutos. A CNA é uma das instituições privadas integrantes do Conselho Deliberativo da Política do Café – CDPC, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – Mapa.
Para tanto, a CNA elaborou a cartilha ‘12 FATOS IMPORTANTES SOBRE O MANEJO INTEGRADO DA BROCA-DO-CAFÉ’, com apoio do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil – Cecafé, que tem por objetivo orientar o manejo da praga. Nesse sentido, a cartilha destaca que o monitoramento deve ser iniciado no estádio de maior infestação, que ocorre de 80 a 90 dias após a florada principal, momento em que a praga encontra-se em “período de trânsito”. Assim, a Confederação recomenda que o monitoramento seja feito mensalmente e, no caso de alta infestação, quinzenalmente. Nesse contexto, o controle é indicado caso o percentual de frutos brocados exceda a 3% pelo método de contagem. Já com base no método de amostragem por armadilha, o controle deverá ser feito caso seja verificada uma média de mais de 100 insetos adultos por armadilha, conforme descrito nos itens 4, 5 e 6 da cartilha.
Adicionalmente, segundo a cartilha da CNA, caso seja necessário controlar a praga, o método de controle químico deve ser realizado com produtos registrados oficialmente, que podem ser consultados no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (AGROFIT) no portal do Mapa. Para realizar a escolha, deve-se priorizar o uso dos produtos com mais eficiência de controle, menor toxicidade e que ofereçam o menor impacto ao aplicador e meio ambiente. No caso de cafeicultores que não utilizam agroquímicos, a Confederação recomenda o uso da pulverização com Beauveria bassiana, fungo entomopatogênico que controla a broca. Em propriedades de pequeno porte, o controle da broca-do-café pode ser realizado por meio de armadilhas utilizando-se 30 armadilhas/ha, compostas de garrafas pet com uma solução atraente que deverá ser substituída a cada duas semanas, conforme prescrito no item 9 da cartilha – controle comportamental.
Em complemento a essas medidas, instituições do Consórcio Pesquisa Café também publicaram trabalhos técnicos que auxiliam a reduzir as condições favoráveis à proliferação do inseto, as quais já foram objeto de divulgação ‘Consórcio Pesquisa Café divulga tecnologias para auxiliar no controle dos efeitos nocivos da broca-do-café’, em 22-12-2017. Tal divulgação ressaltou as seguintes técnicas de manejo que auxiliam no controle da broca: colheita bem-feita; derriça de todos os frutos da planta, se possível com repasse; podas, quando necessárias; redução de áreas de sombra; e eliminação de lavouras com café abandonadas. E, mais ainda, deve-se ressaltar que lavouras abertas, arejadas, com boa penetração de luz diminuiem a umidade interna nos talhões, reduzindo as condições favoráveis à proliferação da broca. Leia a seguir síntese das referidas publicações/tecnologias disponíveis no Observatório do Café, do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG – A publicação Controle alternativo de pragas do cafeeiro apresenta as principais características de produtos alternativos, como a calda sulfocálcica e extratos de semente de nim que, ao serem aplicados nas lavouras, conforme as recomendações técnicas dessa publicação, têm-se destacado no controle da broca, cuja eficiência foi comprovada e apresentada em trabalhos de pesquisa realizados em laboratório e em campo.
Outro artigo da Epamig intitulado Cafeicultor: saiba como monitorar e controlar a broca-do-café com eficiência apresenta uma planilha na qual deverá ser anotada a incidência do inseto em 6 pontos de 30 plantas por talhão (preferencialmente, talhões de 5 a 6 ha), que foram estrategicamente definidos na metodologia utilizada na pesquisa, de tal maneira que essas anotações possibilitam a avaliação do percentual de infestação da praga, entre outras técnicas de complementares de controle.
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais – EMATER – MG e Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR – O folhetos Controle Alternativo da Broca do Cafeeiro e Nova armadilha IAPAR para o manejo da broca-do-café ensinam o passo a passo sobre como construir um artefato prático (armadilha) – desenvolvida pelo IAPAR – que visa realizar o monitoramento e a captura da broca-do-café. Esse artefato constitui-se basicamente de uma garrafa pet, na qual é colocado um atrativo para a broca, cujo líquido, na forma de isca, inclui metanol e álcool etílico, além de café torrado e moído para atrair o inseto.
Para saber mais sobre o monitoramento e controle da broca-do-café consulte as publicações técnico-científicas disponíveis no item ‘Consorciadas dispõem de tecnologias para monitoramento e controle da Broca-do-Café’ da página ‘Publicações sobre café e portfólio de tecnologias do Consórcio Pesquisa Café’ pelo link:
http://www.consorciopesquisacafe.com.br/index.php/publicacoes/637#s
Leia sobre a Evolução da cafeicultura brasileira nas últimas duas décadas:
Chefia Adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café
Texto: Lucas Tadeu Ferreira – MTb 3032/DF, Jamilsen Santos – MTb 11015/DF e Roseane Villela.