SUPORTE E RECUPERAÇÃO RÁPIDA

O risco de um acidente nuclear de maiores dimensões, e o reflexo da redução de investimentos e cautela dos investidores com uma recuperação mundial causaram mais uma semana de grandes oscilações para os ativos de risco.

O envio de tropas Sauditas para Bahrain, o downgrade dos títulos da dívida de Portugal, e o início de uma ofensiva militar contra o governo Líbio foram outros acontecimentos que geraram desconforto para os investidores, mas a recuperação de algumas commodities, e mesmo das bolsas surpreenderam.

O café em Nova Iorque testou os US$ 260 centavos por libra, encontrando compras da indústria para dar suporte. A falta de venda das origens ajudou os preços a recuperarem encerrando a semana com uma leve alta. Em Londres a firmeza do spread entre os contratos de maio e julho, que chegou a negociar com 205 dólares por tonelada de prêmio, fez com que a arbitragem estreitasse para 155 centavos por libra, em um movimento típico de squeeze que a priori parece fazer pouco sentido dado o tamanho dos estoques certificados. A aposta eventual de um grande recebedor seria em uma (ainda) maior utilização do robusta nos blends, em um ano em que o déficit do arábica será grande.

Nos países consumidores pudemos acompanhar mais uma rodada de aumento do café torrado e moído, com a 2ª maior torrefadora do mundo incrementando os preços em 22%. Diversas outras torrefadoras de tamanho médio, e pequeno, também têm repassado o aumento do café nos mercados internacionais, e os efeitos no consumo são incertos, mas devem ser observados de perto.

Nas origens os diferenciais se mantiveram inalteradamente firmes, com estoques relativamente baixos em praticamente todos os países produtores, e uma concentração de café na mão de alguns fazendeiros/cooperativas bem capitalizados. No FOB a movimentação tem sido tímida, e no spot há um pouco mais de atividade reportada.

Continuam aparecendo novas estimativas de safra, e nesta semana um importante torrador europeu disse estar trabalhando com uma safra brasileira de 55 milhões de sacas para o atual ciclo, e uma safra de 47 milhões de sacas para 11/12, números que são debatidos por alguns que crêem em uma produção combinada de 4 milhões de sacas a menos – vamos ter que esperar as exportações nos próximos meses para termos uma idéia melhor.

Chuvas nas regiões produtoras de conillon no Brasil devem atrasar o começo da colheita para o final do mês de abril, segundo um colaborador. Ou seja até lá a oferta deve permanecer a conta-gotas.

O relatório dos participantes (COT) mostrou que os fundos andaram reduzindo suas posições compradas em praticamente todas as commodities, dando munição para que voltem as compras com uma melhora na situação do Japão, e um rápido desfecho da ofensiva na Líbia. Desta forma o contrato “C” pode voltar a subir, alegrando aos altistas, e preocupando quem tinha apostado que já tínhamos visto as altas.

Uma ótima semana e muito bons negócios para todos, 

* Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting 

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