SQUEEZE EM LONDRES E QUEDA NAS EXPORTAÇÕES

A delicada situação das economias da zona do euro continua preocupando os mercados.

Longe de encontrar uma solução definitiva para dívida grega, os líderes dos principais países da região pressionam Atenas para implementar novos cortes no orçamento que ajudarão a reduzir a relação da dívida / PIB dos 160% para algo em torno de 130%. Com isso provavelmente o país aprofundará a recessão, mas ao menos o remendo permitirá a rolagem da dívida, contendo por ora a contaminação para Portugal, Irlanda e Espanha. Ou seja ganha-se tempo para que estes países façam a lição de casa e eventualmente daqui há dois anos caso os gregos se adaptem a pagar impostos (sabe-se lá com que tipo de renda) estará tudo bem. Caso contrário expulsa-se o país da moeda da comum, com a esperança de que a União Européia esteja em melhores condições econômicas para aguentar o tranco.

O vai e vem de notícias sobre o tema acabou pondo pressão nas bolsas européias que caíram em torno de 1% nos últimos dias, e só não pressionaram mais os principais índices das commodities por conta da alta do complexo de energia.

O mercado de café teve comportamento misto com o arábica fechando o período virtualmente inalterado, enquanto o robusta em Londres teve uma forte alta de US$ 9.42 por saca no primeiro mês de negociação.
A alta no contrato de março causou a inversão do spread que saiu de um desconto de US$ 26 por tonelada para US$ 60 por tonelada de prêmio.

A demanda do café robusta (dado o preço mais barato) junto com uma redução do volume embarcado pelo Vietnã, e a concentração dos estoques certificados na mão de poucos, fez com que os participantes que estavam vendidos encontrassem poucos interessados em prover liquidez com o mercado em carry (primeiro mês mais barato do que os demais). Além disto a posição vendida de um grande número de calls (opções de compras) forçaram delta-hedge (compra de futuros).

Nova Iorque mais uma vez ensaiou uma consolidação acima de US$ 220 centavos, mas não conseguiu segurar a venda de um fundo que ao vender próximo de 800 lotes causou uma queda de US$ 4 centavos em menos de um minuto (parece que o mesmo fundo vendeu mais de 1000 lotes no açúcar também). A queda ajudou a indústria a cobrir um pouco mais do flat-price (comprar futuros) principalmente depois de uma melhor movimentação no mercado físico.

No Brasil a saca do café fino negociada abaixo de R$ 500 (pela primeira vez desde agosto de 2011) ajudou o fluxo de negócios (antes da queda da bolsa). No mercado FOB foi reportado um bom volume de venda com descontos próximos de US$ 10 centavos por libra de “good-cups” para embarque a partir de abril de café brasileiro. O nível, historicamente é “caro”, mas considerando o custo de reposição o valor é baixo.

A OIC durante a semana revisou sua estimativa da safra mundial de café para ao ano-safra 11/12 de 132.4 milhões de sacas para 130.9 milhões de sacas, reduzindo a safra de Etiópia de 9.8 milhões para 8.3 milhões. Desta forma se o consumo é de 135 milhões, estamos falando que o atual ciclo fechará com um déficit de 4.1 milhões de sacas. Lembrando que Etiópia ultrapassa a Colômbia se tornando o 4º maior produtor.

A falha do “C” em manter os ganhos e a diminuição da posição vendida dos fundos tira um pouco do gás dos altistas. Entretanto com a diminuição das exportações brasileira no mês de janeiro – que totalizaram 2,06 milhões de sacas ou o menor número desde junho de 2008 – e uma expectativa de volumes abaixo de 2 milhões nos próximos meses, juntamente com um interesse de compra da indústria e preços mais altos do robusta, devem prover suporte nas quedas e eventualmente trazer os fundos para cobrirem suas posições vendidas.

Tenham uma excelente semana e muito bons negócios,

* Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting

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