SIC 2021: compromisso de neutralização de carbono em 2022 e certificações marcam debate sobre ESG

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Especialistas apresentaram iniciativas e exemplos de como as políticas que estão ditando os rumos do mercado trazem resultados positivos

Na mesma semana em que acontece 26ª Confederação das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 26), o líder de Programa AAA de qualidade sustentável da Nespresso no Brasil e no Havai, Guilherme Amando, anunciou o compromisso firmado de neutralização do carbono até o próximo ano, na palestra “Como o ESG Impacta Minha Agricultura?”, um dos temas do Fórum da Cafeicultura Sustentável, da Semana Internacional do Café (SIC), realizado na quinta-feira (11).

“O nosso pilar em sustentabilidade, no depósito de cup, tem a preocupação climática e o grande compromisso que temos firmado é o de neutralização do carbono até 2022. Trabalhamos muito alinhados à ONU, com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, sempre com a visão de redução no período 2020-2030 e quando recebi a notícia da área global da empresa me surpreendi”. disse o executivo.

É fato que as políticas de ESG (Environmental, Social and Governance) estão impactando todos os setores da economia. No agronegócio não é diferente. Vários representantes da cadeia estão buscando alternativas para adequar os métodos de produção para atender o senso de urgência ambiental e também o novo perfil de consumidores.

“O consumidor está muito mais atento e busca no grande varejo marcas e produtos que estão comprometidos com critérios ESG, produtos que tenham histórias para contar. E ele está olhando também para sistemas de selo e de certificações”, afirmou o diretor executivo do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, mediador do painel.

No contexto das certificações Gustavo Bacci, Diretor da 4C, trouxe ao debate a importância das adequações do setor e destacou pontos importantes na cadeia produtiva que vão do uso de fertilizantes ao transporte para a implementação de ações para reduzir a emissão de carbono, destacando a parceria com a MEO Carbon Solutions no desenvolvimento de iniciativas, entre elas a Ferramenta Force Climate Friendly Coffee (Café Amigo do Clima) que possibilita fazer um cálculo preciso para identificação das ações prioritárias.

“Tudo começa com uma medição das emissões, passo crucial para entender e quantificar o impacto. Com base na informação, identificamos as medidas de redução e desenvolvemos planos de ação, orientados ou resultantes desse cálculo, para redução da pegada de carbono”, explicou Bacci. Todo o processo é validado por um sistema independente para garantir segurança e transparência para os investidores em ESG e complementa a certificação 4C.

Também palestrante no evento, a diretora executiva da Associação dos Bananicultores de Corupá (Asbanco), Eliane Cristina Müller, falou sobre o desenvolvimento da economia e da cultura da cidade de Corupá (SC) em torno do cultivo da banana, por meio da agricultura familiar com base nas políticas de ESG.

De acordo com a especialista, a importância de parcerias como o Banco Mundial e Sebrae e a valorização do produto pelos moradores locais foram fundamentais para que o negócio fosse além da agricultura. Atualmente, está presente na gastronomia local, nas festividades tradicionais como Natal e Páscoa, no artesanato, nos eventos esportivos e culturais e até no desenvolvimento de alimentos como o catchup de banana. Tudo devido às práticas sociais, de governança e meio ambiente.

“ESG não pode ser um produto. É uma cultura. Eu não posso fazer de conta que promovo ESG. Eu tenho que viver, tenho que ser real e não utilizar as ações de ESG fora e fazer diferente na minha propriedade. É preciso ter metas claras, coletivas e também individuais, já que cada um de nós tem responsabilidade nesse processo”, ressaltou Eliane.

O evento também contou com a presença da Secretária de Estado da Agriculturta, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (SEAPA), Ana Maria Soares Valentini, que aproveitou a ocasião para trazer perspectivas positivas no momento de retomada. “Tenho certeza que o consumo vai aumentar, precisamos ficar muito atentos e aumentar também a sustentabilidade em todos os nossos processos produtivos, desde o produtor que está no comecinho até o momento em que o pacote chega no supermercado”.

Fonte: Semana Internacional do Café Via Notícias Agrícolas