Setor de café discute sustentabilidade em evento em BH em novembro

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Quando um europeu ou um americano toma uma xícara de café em uma cafeteria, de 3% a 5% do valor da bebida deveria ficar com o produtor. Com os preços baixos atuais de mercado, esse valor é inferior a 1%.

Para garantir renda no campo e a sustentabilidade na produção, nove países participantes de uma Plataforma Global do Café promovem um encontro mundial do setor em Belo Horizonte (MG), na segunda semana de novembro.

Detentores de 70% da produção mundial, esses países querem, ao lado de toda a cadeia, discutir a sustentabilidade produtiva, usando instrumentos de mercado.

Para o brasileiro Carlos Brando, presidente mundial da entidade, a manutenção da sustentabilidade deve ter a participação não só da produção como também da indústria, dos exportadores e até dos consumidores.

“Atualmente, o produtor é o elo mais fraco dessa cadeia, principalmente em períodos de preços baixos, como os de agora”, diz ele.

Uma das medidas será a colocação em operação de um índice de sustentabilidade, a partir do próximo ano. Os torrefadores não serão obrigados a ter esse índice, mas a exigência, cada vez maior dos consumidores por café sustentável, os levará a utilizar o produto. E a mostrar que faz uso de café sustentável na industrialização, afirma Brando.

A cafeicultura quer também criar regiões cafeeiras sustentáveis. Essa sustentabilidade regional da produção pode melhorar as negociações entre produtores e o restante da cadeia.

O encontro de Belo Horizonte colocará em discussões temas importantes para o setor, segundo o presidente da Plataforma Global. Um deles é um olhar futuro para a sustentabilidade.

Os atuais preços baixos do setor deixam pouco dinheiro para a produção, que arca com custos elevados das certificações.

As discussões vão girar também em torno da inovação. O setor busca investimentos de impacto, os que são feitos em programas sociais e ambientais.

Além disso, uma das discussões será sobre como medir a sustentabilidade de uma maneira menos onerosa para o setor.

Brando acredita que o uso de novas tecnologias, como aplicativos, vai melhorar a relação entre produtores e clientes.

Os membros da plataforma entendem, ainda, que o setor passa por mudanças, e as discussões deverão abranger as lideranças jovens, que assumem o comando da produção de café nos diversos países dedicados à atividade.

Os cafeicultores querem acesso maior aos mercados, que são livres e têm suas regras. Eles não vão influenciar nos preços, uma vez que há uma concorrência muito grande entre as indústrias, mas podem obter vantagens nas negociações.

Para Brando, é necessária uma campanha de conscientização do consumidor de que o café sustentável tem custos extras. Poucos estão dispostos, entretanto, a pagar por essa conta.

O presidente da entidade diz que os objetivos dessa conferência mundial é uma interação entre as pessoas e fazer com que elas pensem juntas. Serão discussões de como ações práticas podem trazer viabilidade econômica à atividade, acrescenta.

Ele acredita em avanços porque estarão nas mesas de discussões, nos dias 8 e 9 de novembro, representantes de produtores, de exportadores, das indústrias, de certificadoras e de países produtores e importadores.

Fonte: Folha de S.Paulo (Coluna Vaivém das Commodities – Por Mauro Zafalon)

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