Selo do Certifica Minas Café abre mercado externo para pequenos produtores

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O produtor rural José Rodrigues Lopes é o primeiro agricultor familiar da região de Caratinga a exportar café com o selo do Certifica Minas Café, certificação que agregou valor ao produto, atestando a qualidade e a conformidade da propriedade com as exigências do mercado. As primeiras 330 sacas de café arábica produzidas pelo sítio Couto e Lopes, no Córrego Rio Preto Bananal, foram exportadas para a Europa, no mês passado.

“Antes eu vendia o café para atravessadores com preço baixo, agora comercializo direto para a empresa exportadora por preço melhor, somando ainda o valor adicional do selo da certificação, que é R$ 8 por saca”, relata José Rodrigues. Ele é um exemplo de que pequenos cafeicultores também podem ter seus produtos valorizados, alcançando novos mercados. “Me sinto gratificado de ter mais esse mercado aberto, mesmo sendo um pequeno produtor”, afirma Lopes.

Para atingir o atual status de qualificação e reconhecimento, José Rodrigues, com orientação gratuita de técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), passou por um processo de adequação da propriedade a boas práticas de produção do café que levam em conta a identificação da lavoura por idade, análise de solo, disposição adequada do lixo e dos defensivos agrícolas, organização do processo de colheita, secagem e beneficiamento. Cumpridas as normas, em 2010, ele conseguiu a certificação da propriedade pelo Certifica Minas Café, programa do Governo de Minas. José Rodrigues trabalha com expectativa de continuar exportando e produzindo um café cada vez melhor.

Qualidade e preço

A região de Caratinga possui cerca de 3 mil cafeicultores, 70% pequenos, com produção anual que varia entre 700 mil a um milhão de sacas, movimentando de R$ 60 milhões a R$ 90 milhões. Segundo Mauro Grossi, da Associação dos Cafeicultores da Região de Caratinga (ACARC), a maioria dos produtores vende o café para atravessadores que ficam com cerca de 10% do valor das vendas. Mauro Grossi também comercializava para intermediários, mas este ano começou a vender o café direto para a empresa exportadora e, com o selo do Certifica Minas, o produto deu um salto na qualidade e no preço.

”A diferença no preço de venda foi de mais de R$ 20 por saca” afirma o cafeicultor, que é dono da fazenda Vila Cascata, no município de Imbé de Minas. Ele produz uma média de 1.500 sacas e 570 foram destinadas, este ano, à exportação. “É uma satisfação saber que o empenho feito para cumprir as normas da certificação está dando retorno financeiro”, disse o cafeicultor.

Certificação

O número de propriedades certificadas cresce a cada ano. Dados do IMA mostram que desde o início do programa Certifica Minas Café, em 2008, foram auditadas 2.604 propriedades em todo Estado. Dessas, 1.642 conquistaram o status de certificadas e a previsão é que esse número chegue a 1.750 até o final de 2013. A região de Caratinga possui 29 propriedades certificadas e outras 43 em processo de adequação. ”A intenção do Governo de Minas é fazer com que todos os produtores, principalmente os pequenos, tenham acesso aos mercados de forma competitiva, oferecendo um produto diferenciado” afirma o extensionista da Emater Geraldo Regis que coordena o Certifica Minas Café na região de Caratinga.

Segundo Geraldo Regis, as propriedades inscritas no programa têm acompanhamento de técnicos da Emater em cada etapa da produção, o que garante o rigor na aplicação das normas de certificação e, assim, uma produção de qualidade, adequada às exigências do mercado internacional. As regras incluem 95 itens que vão desde a adequação à legislação trabalhista ao uso correto e controlado de agrotóxicos e rastreabilidade do produto final, o que significa identificação registrada de todo o café produzido. O IMA faz as auditorias internas e, no final do processo, uma certificadora de reconhecimento internacional faz as auditorias externas para aprovar as propriedades que seguiram corretamente os critérios estabelecidos.

Mercado internacional e parcerias

O Certifica Minas Café, um dos mais importantes programas de certificação da América Latina, possui parcerias com instituições reconhecidas internacionalmente. Entre elas a Fundação UTZ Certified, sediada na Holanda, que possui um programa de certificação de produção de café baseado em um rígido código de conduta. Segundo a empresa, o código foi criado à base do “EurepGAP”, desenvolvido pelos varejistas europeus para garantir segurança alimentar e a utilização de práticas apropriadas na produção de vegetais. O acordo firmado entre a UTZ Certified e o Governo de Minas tem por objetivo ampliar as ações de certificação das propriedades cafeeiras do Estado já implantadas com o programa Certifica Minas Café. A parceria também prevê o desenvolvimento da promoção do produto certificado.

Fonte: Agência Minas

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