Seca também afeta café robusta no Espírito Santo

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A seca e o forte calor este ano também atingem em cheio a cafeicultura do Espírito Santo, onde a espécie mais produzida é o café robusta (variedade conilon). Depois de uma safra recorde no ano passado – de 9,949 milhões de sacas-, a colheita no Estado em 2015 deverá ser menor. A razão é que em 2014, a produção de conilon não foi afetada pela estiagem, como ocorreu com o café arábica em Minas Gerais e em outras regiões produtoras do Brasil.

De acordo com o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de conilon no Espírito Santo na safra 2015/16 deve ficar entre 8,521 milhões e 8,958 milhões de sacas, decréscimo de 14,3% e 10%, respectivamente, sobre o ciclo anterior. Os números, porém, ainda não consideraram a atual estiagem.

Romário Ferrão, coordenador do programa de café do Espírito Santo e pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), disse que há 30 a 40 dias não chove nas principais regiões produtoras de robusta do Espírito Santo, o maior produtor nacional desse tipo de café. Segundo Ferrão, já está faltando água para irrigar os cafezais em decorrência do baixo nível dos reservatórios. Mais de 50% das lavouras de conilon são irrigadas no Estado, o que representa mais de 150 mil hectares com a tecnologia, conforme o representante do Incaper. "Teremos algo mais concreto [sobre a safra] em abril, maio. Não tem ainda como precisar a perda", afirmou ele.

A combinação de seca e altas temperaturas é muito prejudicial às lavouras de café na atual fase, quando ocorre o enchimento dos grãos, que serão colhidos a partir de abril e maio. O clima adverso prejudica o desenvolvimento dos grãos, que podem ficar menores e mais leves. Ferrão observa, porém, que o conilon é uma planta resistente que pode compensar algumas perdas, caso o clima melhore.

O pesquisador do Incaper afirma que, além da seca desde o fim ano passado, as lavouras de conilon foram afetadas ainda por 10 dias de frentes frias na fase de floração, entre agosto e setembro de 2014, o que provocou a queda de flores e de folhas. Isso significa menos frutos para 2015.

Ferrão diz também que já era esperada para este ano uma produção um pouco menor por causa dos efeitos da bienalidade, ainda pequena no conilon se comparada à do arábica, depois de uma safra recorde em 2014.

O Espírito Santo também cultiva café arábica e a expectativa nesse caso era de que houvesse aumento na produção do Estado em relação a 2014. Isso porque, no ano passado, o arábica foi afetado pela estiagem. Mas a falta de chuvas atualmente pode voltar a prejudicar a espécie este ano, estima Ferrão. "Estamos sem chuva no Estado como um todo". O primeiro levantamento da Conab projeta uma colheita de arábica no Estado de 2,890 milhões a 3,130 milhões de sacas, 1,2% a 9,6% superior ao ciclo 2014/15 (2,857 milhões de sacas).

A seca também afeta a comercialização de café no Espírito Santo. Segundo Marcus Magalhães, diretor-executivo da Maros Corretora, o produtor está menos agressivo nas vendas futuras se comparado a igual período do ano passado, diante das incertezas sobre a produção. Ele diz que os negócios com o grão no mercado físico caíram pela metade ante igual intervalo de 2014.

O preço do café conilon para entrega na entrada de safra (abril e maio) já reflete o cenário de seca no Estado. Varia de R$ 290 a R$ 300 por saca, ante R$ 230 a R$ 240 no mesmo período de 2014, de acordo com Magalhães.

Fonte: Valor Econômico (Carine Ferreira)

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