Seca prejudica qualidade do café arábica e produção deve ser menor

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Na fazenda Maringá, em Carmo do Paranaíba, região do cerrado mineiro, dos 130 hectares de café em produção, pouco mais de 60% foram colhidos e o cafeicultor Diego Henrique Silva conta que ainda vai demorar mais de um mês pra terminar o serviço. “O ano passado eu já tinha praticamente encerrado a minha colheita, e esse eu ainda vou levar 30 dias para fazer o término”, diz.

Até agora, na região do cerrado mineiro cerca de 70% do café cultivado na área de 200 mil hectares em produção foi colhido. Tradicionalmente, na região do cerrado mineiro, a colheita termina no início de agosto, mas nesta safra, por causa do clima a finalização da colheita vai entrar setembro a fora.

Segundo o agrônomo Vicente Nunes Junior esse atraso é porque faltou chuva entre janeiro e fevereiro. “Com essa irregularidade, o fruto não enche completamente, ele fica miúdo, não dá a qualidade que a gente sempre quer no nosso cafeeiro”, explica Vicente Nunes Júnior, agrônomo.
É o que já é constatado na propriedade de Marcelo Cardoso, também em Patrocínio. “Essa quebra de produtividade está bem clara. Eu devia colher de 10 a 10.500 sacas de café, e eu estimo que pode chegar a sete mil sacas ou até abaixo”, diz o produtor rural.

O superintendente da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocaccer), Sérgio Dornelas, diz que a queda na produção está além do esperado. “Colhemos no ano passado por volta de cinco milhões e meio de sacas de café na região do cerrado mineiro e nesta safra deve ficar em torno de quatro milhões de sacas”, avalia.

No sul do estado, a colheita do café arábica também está tendo problemas. O produtor Flávio Botrel tem 85 hectares com café em Varginha. Esse ano esperava colher duas mil sacas, mas já sabe que vai ter uma quebra na produção. "Aqui na fazenda eu acredito que vai ser na casa de uns 25 a 30%. O grão tá melhor que no ano passado, tá um grão mais uniforme, mas só que ele é miúdo", explica.

Na lavoura do produtor Antônio Vander o amadurecimento dos grãos é o que preocupa. "O café até hoje não amadureceu, ainda está maduro e verde e a colheita vai se estender até outubro desse ano pra terminar. O que poderá comprometer a outra colheita, porque a lavoura já está espinhando, ou seja, está querendo florir”, comenta.

Se por um lado a quebra da produção e a qualidade do café preocupam, por outro, a alta do dólar pode compensar as perdas dos cafeicultores. "Quanto mais o dólar estiver alto com relação ao real, melhor são para os produtos de exportação, isso na conversão dá mais reais para o produtor", diz Archimedes Coli Neto, presidente da Centro Comércio de Café do Estado de Minas Gerais.

Fonte: Globo Rural (Paulo Barbosa e Marcelo de Castro)

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