Seca, inundações e clima frio salvam algumas commodities de queda

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Os investidores em commodities pelo menos têm o clima a seu favor.

Embora a maioria das matérias-primas esteja atolada em mercados baixistas, o que engloba itens variados como petróleo, níquel e milho, os períodos de frio e as secas estão provocando algumas subidas. Na semana passada, a promessa de uma geada profunda nos EUA levou os contratos futuros do setor de gás natural ao seu maior ganho em 11 meses. O clima seco no Brasil, maior produtor mundial de café e cana-de-açúcar, provocou avanços para ambas as culturas. Na Malásia, de forma incomum, as chuvas pesadas levaram o azeite de dendê (ou óleo de palma) ao nível mais alto desde julho.

“O clima é sempre imprevisível e um coringa”, disse Donald Selkin, estrategista-chefe de mercado da National Securities Corp., com sede em Nova York, que gerencia US$ 3 bilhões, em entrevista por telefone no dia 16 de janeiro. “Esses produtos estão marchando em seu próprio ritmo — por enquanto”.

Apenas seis entre 22 matérias-primas do Bloomberg Commodity Index estão em alta neste mês, sendo que quatro delas subiram devido ao clima. A prata e o ouro foram empurrados mais para cima pela turbulência econômica na Europa. No geral, janeiro tem sido uma continuação de um 2014 ruim para commodities. O petróleo, o trigo e o cobre empurraram o índice para uma queda de 17 por cento nos últimos 12 meses, alcançando a maior baixa em 12 anos no dia 14 de janeiro. Os investidores reduziram a posse de ativos de matéria-prima em novembro para o nível mais baixo desde 2010, disse o Barclays Plc.

A queda mais ampla foi impulsionada por excedentes globais de todo tipo de matéria-prima, dos grãos ao petróleo, e as mudanças no clima poderão limitar as poucas recuperações vistas até aqui.

“Com os estoques como estão poderíamos ter desvios-padrão em relação ao clima normal e ainda poderíamos ter preços não tão terríveis”, disse Gillian Rutherford, que ajuda a gerenciar US$ 20 bilhões como gerente de carteira de commodities da Pacific Investment Management Co. em Newport Beach, Califórnia.

Por enquanto, contudo, as rajadas de ar frio que sopram nos EUA estão sendo sentidas no mercado de energia. Os contratos futuros de gás natural deram um salto de 8,2 por cento neste mês, para US$ 3,127 por milhão de BTU no New York Mercantile Exchange. Eles deram um salto de 9,9 por cento em apenas um dia, 14 de janeiro, quando se espalhou a notícia das previsões climáticas. As temperaturas frias poderiam se estender até o mês que vem, disseram meteorologistas.

Colheitas no Brasil
O café arábica está em alta de 2,6 por cento neste ano, sendo negociado a US$ 1,71 a libra-peso na ICE Futures U.S. em Nova York, porque o clima seco ameaça as colheitas no Brasil, maior produtor e exportador do mundo. No ano passado, os preços subiram 50 por cento porque a produção caiu após a pior seca em oito décadas.

Os rendimentos vão cair novamente com a umidade do solo de em média de 65 por cento a 70 por cento abaixo do normal nos últimos 30 dias, disse Donald Keeney, meteorologista da MDA Weather Services, com sede em Gaithersburg, Maryland. A seca continuará nas regiões central e sul de Minas Gerais e no sul da Bahia neste mês, disse ele.

“Deus nos ajude se as típicas chuvas pesadas de março não vierem”, disse Luiz Eduardo de Paula, presidente e proprietário da H. Commcor, uma corretora de São Paulo. “Não haverá água potável, então você pode imaginar o que acontecerá com a produção de café. O céu será o limite para os preços”.

As condições secas também ameaçam as colheitas de cana no Brasil em Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo, onde as chuvas até 13 de janeiro foram de cerca de 15 por cento do normal desde 31 de dezembro, disse Drew Lerner, presidente da World Weather Inc. em Overland Park, Kansas. Os contratos futuros de açúcar bruto estão em alta de 5,6 por cento neste mês na ICE, tocando uma alta de cinco semanas, de 15,49 centavos por libra no dia 16 de janeiro.

Fonte: Bloomberg

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