Seca do ano passado pode afetar produção de café, prevê Cooxupé

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O presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino da Costa, disse que o início da colheita da safra 2015/16 no sul de Minas mostra que a seca no ano passado e em janeiro deste ano está se refletindo na formação dos grãos. "O começo da colheita está mostrando que o café está muito miúdo. Se o grão se desenvolveu menor, a produção será menor", alertou.

Ele informou que o preço atual da saca de café – R$ 428 a saca comercializada na região – caiu bastante. "No começo do ano chegou a R$ 500 a saca. Pode ser que o valor suba, com uma produção menor", declarou. Conforme dados da Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado (Seapa), a previsão da safra 2015/16 no Estado é de uma produção de 23,3 milhões de sacas de 60 kg ante 22,6 milhões da safra anterior.

Por região, o sul e o centro-oeste de Minas deverão produzir 10,5 milhões de sacas, em 477 mil hectares, seguido da Zona da Mata, Rio Doce e central, com 7 milhões de sacas em uma área de 293 mil hectares; Triângulo Mineiro, Alto Paraíba e noroeste, com 5 milhões de sacas, em 170 mil hectares e norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri, com 768 mil sacas, em uma área colhida de 34 mil hectares.

As principais cidades produtoras neste ano deverão ser Patrocínio, no Alto Paranaíba, com 850 mil sacas; Araguari, no Triângulo, com 450 mil sacas; Serra do Salitre, no Alto Paranaíba, com 400 mil sacas; Manhuaçu, na Zona da Mata, com 366 mil sacas e Nova Resende, no sul de Minas, com 330 mil sacas de café. 

Produção sustentável
Na sexta-feira, a Cooxupé, em parceria com a Basf e a Fundação Espaço ECO, apresentou um estudo de sustentabilidade da cadeia produtiva do café. A pesquisa, desenvolvida pela multinacional alemã e aplicada pela fundação, contemplou diferentes regiões de atuação da cooperativa e três arranjos produtivos: não mecanizado, mecanizado e mecanizado irrigado. Para cada uma das regiões avaliadas foram coletados dados de produção das propriedades de acordo com suas dimensões: pequena (3 a 20 hectares), média (21 a 50 ha) e grande (mais de 50 ha).

No quesito ambiental, o levantamento mostrou que 90% da contribuição nos impactos decorrem da fase agrícola, quando considerado todo o escopo do estudo. Isso porque existe uma relação direta entre o aumento de produtividade das lavouras de café e a melhoria de desempenho em termos de sustentabilidade (conceito de produzir mais café por hectare com menos uso de recursos/insumos por saca).

Ao comparar os três arranjos produtivos ficaram evidentes algumas diferenças, como um maior consumo de água na cultura irrigada. Na produção baseada no regime de chuvas são consumidos menos de 200 litros por saca, enquanto na irrigada são mais de 600 litros. Dessa forma, uma das recomendações do estudo, por exemplo, é a utilização da irrigação por gotejamento e a coleta de água de chuva, que podem contribuir para a melhoria de desempenho.

Já no Complexo de Armazenagem e Indústria de Café Japy da Cooxupé, em Guaxupé (MG), ao se considerar o total de café preparado em 2013, as melhorias realizadas na indústria (desde 2011 as instalações estão equipadas para receber cafés a granel a serem empilhados em bags) trouxeram uma economia de energia equivalente ao consumo anual de 34.500 domicílios.

Em termos de emissões evitadas de gás carbônico, essa redução foi equivalente a 1.850 caminhões de 14 t, indo e voltando de Guaxupé até o Porto de Santos (SP). "Temos ainda o que melhorar. A aplicação de fertilizantes na produção de café, por exemplo, pode ser mais racional. Hoje, em todo o segmento, é feito de forma padronizada em todos os tipos de terra", disse Paulino da Costa. Ele ressaltou que o estudo pode ser utilizado nas negociações com clientes, mostrando que a produção do café tem trabalhado de forma sustentável.

Fonte: Estadão Conteúdo

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