Sebrae ajuda produtores de café em Pernambuco

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Produzir café no agreste pernambucano não chega a ser nenhuma novidade para 60 pequenos produtores da região de Garanhuns. Afinal, os primeiros pés do fruto vermelho chegaram por lá faz 80 anos. O desafio maior era tirar das lavouras um fruto de qualidade, com manejo adequado e que proporcionasse maior remuneração para as famílias do local. E é aí que entrou o Sebrae em Pernambuco.A unidade local da instituição trabalha junto aos agricultores para mudar o perfil produtivo do lugar.

“O produtor precisa enxergar a propriedade como uma empresa e a cafeicultura como negócio. É isso que mostramos para os agricultores”, destaca o gerente da Unidade de Desenvolvimento Territorial (UDT) do Recife, Alexandre Alves.

O manejo das sementes ainda ocorre majoritariamente dentro do modelo tradicional. Depois de colhidos, os frutos são levados para secagem numa grande área aberta, conhecida como terreiro. Lá, permanecem por algum tempo até perder a umidade. O problema é que esse sistema oferece grande risco a qualidade do produto porque os grãos podem fermentar. “E há o risco de tomarem chuva também, porque muitas vezes não dá tempo de tirar tudo antes de água cair”, explica o gerente da unidade pernambucana do Sebrae.
 
A falta de uniformidade dos grãos sempre foi o argumento que as 10 torrefadoras que compram a produção usavam para pagar um preço menor aos produtores. A saída então foi profissionalizar. E a organização foi o primeiro passo para entrar num mercado altamente competitivo.

União

Com a parceria do Sebrae, os cafeicultores estão aprendendo a melhorar a gestão do negócio. Por se trata de produção em áreas com média de 5,7 hectares, os agricultores foram orientados a criar uma associação com a finalidade de comercializar conjuntamente a produção, e assim garantir volume. Em média, são colhidas nove sacas de café por hectare. Muito aquém dos índices observados nas regiões mais tradicionais do país, como o Paraná, Minas Gerais e São Paulo, onde a produtividade atinge mais de 20 sacas por hectare.

Outro passo importante é a exploração do modelo orgânico de produção do café na região, fato que antes nem era percebido pelos produtores. Boa parte do plantio é feita sob as árvores nativas e sem uso de agrotóxico. “Perdemos na produtividade, mas ganhamos no valor”, explica Júlio César da Silva Pontes, presidente da Associação dos Produtores Orgânicos de Taquaritinga do Norte (Aprotaq).

Em pouco mais de um ano, a remuneração dos produtores foi elevada em até 100% depois da nova visão empreendedora. Antes, a saca de café de 45 quilos valia, no máximo, R$ 250,00. Isso quando era bem remunerada. A remodelagem do negócio fez o preço atingir o valor de R$ 500,00 a saca.

Júlio César conta que em colaboração com o Sebrae, os produtores associados participaram do seminário sobre a modernização do setor primário da economia nordestina, e novas portas se abriram. Uma delas já foi concretizada, como a venda direta do café gourmet para cafeterias de alto padrão. Significa café pronto para o consumo. E preço mais atrativo. Neste caso vale R$ 20,00 o quilo. A associação também passou a vender o produto para consumo na merenda escolar, o que garante mais mercado para os produtores.

De olho no futuro, a Aprotaq trabalha para instalar na localidade uma torrefadora própria e, assim, beneficiar a produção dos associados com menor poder de produção e investimento, como os que trabalham no modelo familiar. “A cartilha de qualidade que o Sebrae ajudou a criar está contribuindo para a nossa marca ficar conhecida: os Cafés Especiais de Pernambuco”, finaliza o agricultor Júlio César.

Fonte: Agência Sebrae de Notícias

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