Regulamentação da indicação geográfica impulsiona negócios locais

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"É preciso proteger os produtos e tradições regionais do Brasil". Foi com essa frase que Augusto Billi, representante do Ministério da Agricultura, abriu sua palestra em um workshop sobre turismo rural, promovido pela Abratur (Agência Brasileira de Viagem e Turismo) e pelo Instituto de Economia Agrícola nessa quinta-feira (17/9) em São Paulo.

"Não é possível inventar uma indicação geográfica. Elas já existem, porque quando um produto é muito tradicional, as pessoas já sabem de que região ou local ele vem. O que fazemos é reconhecer e proteger essa tradição", explicou Billi.

Algumas indicações geográficas são internacionalmente reconhecidas, como a do vinho do Porto, produzido na região do Douro, no norte português, ou a do champanhe, vinho branco espumante produzido em Champagne, no nordeste da França.

No Brasil, o órgão responsável pela regulamentação de indicações geográficas é o Inpi (Insituto Nacional de Propriedade Industrial). De acordo com Billi, pelo menos 35 produtos regionais esperam reconhecimento de indicação geográfica atualmente.

Entre os já regulamentados estão os vinhos do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul- primeira indicação geográfica brasileira -, o queijo da Serra da Canastra, em Minas Gerais, e os calçados de Franca, no interior de São Paulo.

Para ele, a indicação geografica "está muito intrínseca às pessoas, mesmo que elas não saibam o que é e como funciona". Segundo Billi, a lei serve, principalmente, para proteger os produtos que dependem de condições de solo e clima de determinadas regiões do Brasil, que carreguem consigo as tradições e receitas seculares e a memória local. "Num mundo globalizado, onde quase tudo é industrializado e padronizado, acredito que essa regulamentação protege o sabor, o aroma, a comida da vovó", disse Billi.

Queijinho de Minas – José Eudes Ferreira, produtor de queijo minas artesanal na Estância Capim Canastra, em São Roque de Minas (MG), disse que a regulamentação da região como indicação geográfica fez a tradição do produto transcender a oralidade e se tornar material. "Os benefícios foram inúmeros. Criamos uma associação para manter o padrão de qualidade do queijo, ampliamos nosso público a nível Brasil e padronizamos as diretrizes de higiene, qualidade e mesmo de responsabilidade com o consumidor final", contou Ferreira.

Café – Outra produtora que disse ter sentido diferença nos negócios desde que sua região foi reconhecida como indicação geográfica é Patricia Milan, superintendente da Usina Alta Mogiana, produtora de café da região de Alta Mogiana, no norte de São Paulo.

"Depois da regulamentação, conseguimos estruturar um selo de qualidade e uma associação para garantir que o café produzido na região atenda aos padrões tradicionais", contou à Globo Rural.

Patricia também afirmou que o reconhecimento da região produtora não apenas mantém a qualidade já reconhecida do café, mas motiva as empresas e os pequenos produtores a buscar inovações tecnológicas para melhorar o produto que chega à mesa do consumidor.

Fonte: Redação Globo Rural

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