REALIZAÇÃO TÉCNICA

A situação na Líbia tristemente deteriora em função do atual ditador Muammar Gaddafi dizer que só deixa o poder quando estiver morto. O risco de uma guerra civil é eminente, e o país responsável por 2.1% da produção mundial de petróleo só não causou uma alta maior no mercado de energia porque a Arábia Saudita se comprometeu em aumentar a oferta de óleo.

As bolsas de ações retraíram na semana em função das instabilidades geopolíticas, e os índices de commodities subiram por causa da alta de quase 14% do petróleo, e 8% da gasolina e do óleo de aquecimento. Os metais preciosos também apreciaram e entre os agrícolas apenas o cacau e o suco de laranja tiveram altas. O efeito dos elevados e preços do petróleo geram receios de uma lentidão na recuperação das economias.

O café finalmente atingiu o maior nível desde 1977 (válido para a 2ª posição) na segunda-feira, recuando na sequência com os comprados decidindo colocar um pouco de lucro no bolso. A queda entretanto foi de “apenas” US$ 10.45 por saca na bolsa de Nova Iorque – pouco para o tamanho do rally que tivemos até agora.

Como era de se esperar o preço mais baixo suspendeu a venda dos produtores, ao mesmo tempo que a indústria aproveitou para fazer um pouco de suas fixações. Os diferenciais que estavam barateando, firmaram um pouco nos últimos dias, porém o volume de negócios tantos nas origens como no FOB diminuiu bem. Os produtores calmamente esperam uma recuperação dos preços para voltarem ao mercado, e aqueles que precisam comprar aguardam maiores realizações (baixas).

O quadro técnico continua positivo, e não deve se alterar enquanto o terminal se manter acima de US$ 250.00 cts em Nova Iorque, ou seja há uma “gordura” de quase 18 centavos que ainda pode ser queimada.

Nos Estados Unidos mais torradores reajustaram o preço para o café torrado e moído, e outros devem logo se juntar ao grupo.

Na Colômbia a florada e o clima favorável trouxeram expectativas de que a safra principal pode ser melhor do que os pessimistas vinham alardeando, o que embora seja um alento para os produtores locais não altera muito o panorama mundial com o déficit estimado de 6 milhões de saca para o ano-safra 2011/2012, por causa da safra menor brasileira.

Ou seja, não há muitas novidades, apenas reciclagem de notícias velhas, reforçando o quadro de diminuição dos estoques mundiais. Uma respeitada casa comercializadora de café, em uma análise atual do mercado, disse que podemos ter um índice de estoque/consumo no final do ciclo 11/12 de apenas 14%, o mais baixo da história, equivalente a menos de 2 meses de cobertura.

A questão é: os preços atuais já têm este prognóstico embutido ou não?

Dos diversos e-mails que recebemos na semana passada, um dos mais assíduos contribuidores apontou para a forte demanda de mudas no Brasil, que se esgotou no ano passado, e que deve acontecer o mesmo nesta próxima temporada de plantio. Isto confirma o comentário feito com relação a atratividade dos preços atuais e das expectativas de safras brasileiras ainda maiores daqui há uns 2 anos.

Que bom, pois aparentemente apenas o Brasil será capaz de atender a crescente demanda, dado que o parque cafeeiro do Vietnã está envelhecendo, e uma recuperação da Colômbia não será suficiente para dar folga no quadro global.

Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,

* Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *