Queda de commodities ameaça exportações
Se as bolsas viveram ontem um dia de alívio, o mercado de commodities (produtos primários com preço definido em negociações internacionais) continuou deprimido, com a perspectiva de menor crescimento – e consumo – mundial.
Para o Brasil, país que exporta muitos produtos básicos, um recuo nos preços é motivo de preocupação.
No primeiro semestre, as exportações brasileiras cresceram 32% em relação ao mesmo período do ano passado. Em quantidade, a alta foi de 4%. A relação mostra que o ganho se deve sobretudo ao aumento de preços.
Os principais produtos exportados pelo Brasil ficaram mais caros, como petróleo, café, soja e açúcar.
Daqui para frente, o comportamento dos preços é incerto. Ontem, o índice CRB futuro, que reúne as principais commodities negociadas nas bolsas, caiu 1,62%.
Para o ex-ministro Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, os preços das matérias-primas agrícolas permanecerão elevados:
"Qualquer que seja o nível da crise, os emergentes não serão tão sacrificados quanto os países desenvolvidos. A demanda [por alimentos] cresce mais do que a oferta".
Os produtos básicos são metade das exportações brasileiras – 47,5% em junho, segundo a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Analistas já temem um impacto na balança comercial de 2012.
"Se o cenário de hoje se mantiver, vamos ver um recuo das exportações no último trimestre. A dúvida é o que acontecerá no ano que vem", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil.
Segundo ele, 75% da safra de soja do país já foi embarcada. E os contratos de exportação de outros produtos, como petróleo, estão fechados até outubro.
No ano que vem, ele prevê problemas na venda de minérios, muito dependente do crescimento da China. E nos itens industrializados.
"Nosso principal mercado é a América Latina, que vende commodities metálicas. Com o preço em queda, o apetite deles por importados pode diminuir", afirma.
Fonte: Folha de São Paulo