Quadrilha especializada em roubo de café no ES pode ter faturado R$ 1 bilhão

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Uma operação envolvendo as policiais Civil e Militar, o Ministério Público e a prefeitura apreendeu mais de 20 máquinas de pilar café adaptadas para desvio dos grãos. As máquinas foram apreendidas na última sexta-feira (18), na cidade de Muniz Freire, no Espírito Santo. O caso tem relação com os crimes de roubo de café em cidades mineiras, que ganharam destaque nacional na última semana. A polícia de Minas, inclusive vem ajudando as autoridades de Muniz Freire. A população também contribuiu com a operação – iniciada na quinta-feira – com denúncias envolvendo máquinas abandonadas e quebradas.

O grupo criminoso é de Piaçu, distrito de Muniz Freire. A Polícia Militar descobriu também duas “fábricas” no distrito onde eram feitas adaptações para as máquinas desviarem café para um compartimento secreto. “Muitos autores do furto de café de Minas são de Muniz Freire e ao estourar o escândalo trouxeram as máquinas de volta”, declarou o delegado que conduz o caso, Marcelo Meurer Ramos.

A quadrilha agia na região Sul de Minas, Sul da Bahia e São Paulo. Eles adulteravam máquinas de pilar café com “torres falsas” que armazenavam parte do café dos produtores que contratavam seus serviços. Cobravam R$ 700 reais por dia de uso da máquina nas propriedades de pequenos produtores, mais porcentagem combinada sobre o total do café beneficiado.

100 máquinas

A informação recebida pelo Ministério Público local é de que o número de máquinas de pilar café adaptadas para o roubo pode chegar a 100. Segundo o MP, existe ainda semelhança com o tráfico de drogas, no modo de atuação, incluindo disputas por territórios. “Eles atuavam como gangues. Os integrantes eram donos dos “pontos” onde roubavam produtores. Há conflitos entre eles, brigas por território. Pôde-se perceber o tamanho dessa organização. Do pequeno distrito de Piaçu, em Muniz Freire, conseguiram lotear o Brasil”, explica o promotor do Ministério Público Elion Vargas Teixeira, que afirma que o enriquecimento da quadrilha, que atua pelo menos desde 2010, pode chegar a R$1 bilhão. “O grupo atuava no mínimo, há sete anos. Cada máquina adulterada tinha capacidade de esconder até 15 sacas de café por funcionamento. Pode equivaler R$ 7.500 por dia. Lembrando que existem ainda mais máquinas escondidas. Inclusive pela Região do Caparaó e alguns municípios no Estado do Rio”, completa.

A constante comunicação com as autoridades mineiras colaborou com o trabalho, mantinham as autoridades informadas sobre a ida das máquinas para Muniz Freire.

Operação

Seguindo a solicitação do MP, 30 homens da Polícia Militar de Muniz Freire armaram bases próximas às localidades onde as máquinas estavam para realizar o mandado de busca, apreensão e remoção. A operação ultrapassou 24 horas. A ordem era apreender todas as máquinas de pilar café encontradas na região, para averiguação. “Haviam máquinas camufladas no meio de matagal. Encontramos, além das máquinas e veículos que a transportavam, diversas peças, ferramentas como maçarico e chave de fenda adaptadas para montagem desses compartimentos”, conta o capitão Isaac Costa, que também dirigiu os veículos apreendidos e se surpreendeu com a condição de alguns deles. “Incrível como estavam rodando pelas vias públicas. Eu mesmo conduzi um caminhão que não possuía freio, em péssimas condições, um alto risco”, contou o militar.

Prefeitura

Por causa do tipo dos veículos envolvidos, todos “pesados”, a Prefeitura de Muniz Freire colocou pessoal capacitado para ajudar. “Disponibilizamos mão-de-obra, motoristas e nossos caminhões, que foram deslocados para buscar os equipamentos e ajudar a desmontar as máquinas encontradas nessa fábrica”, conta o secretário que tece um elogio. “Agradecemos muito o empenho da Polícia Militar nas buscas e apreensões e também as investigações da Polícia Civil. Um trabalho exemplar das instituições”, completa Fernando Feletti, secretário de Agricultura de Muniz Freire.

Entre os mandados cumpridos, que se estenderam na sexta-feira, foram localizados e apreendidos equipamentos em Tombos, Minas Gerais, e nas comunidades de Fortaleza, Amorim, Itaici e Boa Esperança, todas ligadas à Muniz Freire.

Fonte: Aqui Notícias

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