Professor da UFLA alerta para a importância dos cuidados com as doenças do cafeeiro após a colheita

Imprimir

Pensando em garantir a safra do próximo ano para os cafeicultores, o professor do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Edson Ampélio Pozza, ressaltou nesta terça-feira (6) alguns cuidados que podem ser tomados após a colheita do café deste ano.

Segundo ele, a colheita, seja mecânica ou manual, provoca ferimentos pela ação das mãos dos apanhadores ou devido às hastes das máquinas, tanto as manuais de pequeno porte quanto as automotrizes ou tracionadas. Os ferimentos podem ocorrer nas folhas ou nos ramos, desde os laterais até o principal (tronco).

De acordo com o professor, vários patógenos, que são fungos e bactérias causadores de doenças, podem aproveitar esses ferimentos ou as aberturas provocadas pela colheita e infectar as plantas, mesmo com a baixa umidade do ar, aproveitando-se do orvalho ou das poucas chuvas. Entre as doenças, destacam-se a mancha e a podridão de phoma, a antracnose e as bacterioses.

Ainda segundo o professor Edson Pozza, os patógenos podem ainda beneficiar-se de outra operação: a varrição mecanizada, que consiste no recolhimento de café do chão com maquinário.

“As máquinas durante a varrição retiram o patógeno do chão e o colocam sobre as folhas. Não é difícil, durante essa operação, visualizar uma grande nuvem de poeira a quilômetros de distância. Nessa poeira, além de solo, encontram-se vários patógenos, que estavam sobrevivendo nas folhas mortas no chão. Com a presença da porta de entrada (ferimento) e do causador da doença, bastam apenas algumas horas de água na folha e temperatura favorável ao patógeno para que a doença se instale”, explicou o docente.

Diante disso, o cafeicultor pode lançar mão da pulverização em pós-colheita, mais conhecida como sanitização, com produtos à base de cobre, de ditiocarbamatos, de estrobilurinas que ajudam a reduzir a síntese de etileno, hormônio que em excesso pode provocar a queda prematura de folhas, frutos, e de benzimidazóis, entre outros. Sempre lembrando de alternar os princípios ativos para evitar a seleção de patógenos resistentes.

O professor complementou destacando que alguns cuidados também devem ser tomados antes da colheita, como jamais autorizar a entrada de equipamentos com restos de cultura, folhas ou ramos, além de solo de outras propriedades ou mesmo de outros talhões dentro da mesma propriedade, se eles estiverem infestados por algum patógeno ou se as plantas estiverem com doenças, entre elas, as bacterioses ou por nematóides.

“A colhedora, assim como o equipamento manual, devem chegar limpos, lavados e desinfestados com hipoclorito de sódio, hipoclorito de cálcio ou ainda com amônia quaternária, entre outros produtos de fácil utilização que existem no mercado. Se o produtor possuir lavouras com bacteriose, essas devem ser as últimas a ser colhidas. Caso contrário as máquinas que por ali passarem devem ser desinfestadas antes de irem para outras lavouras, como recomendado”, disse.

Pensando na safra do próximo ano, deve-se cuidar da disponibilidade de água no solo e também da boa nutrição das plantas, para que elas se tornem mais resistentes às doenças, ou seja, resistentes a ferimentos, mesmo depois da colheita. Então, se na arruação e na varrição o cafeicultor retirar a matéria orgânica que estava debaixo da planta, deve retornar com ela por meio da esparrama de cisco. Assim a retenção de água pelo solo e a disponibilidade de nutrientes serão maiores no local onde se encontram as raízes do cafeeiro, possibilitando então que a planta aproveite dessa situação e se torne mais resistente.

Tomando-se esses cuidados, e manejando bem a lavoura daí em diante, é só esperar a florada e garantir a próxima safra.

Sintomas de bacteriose em cafeeiro adulto e de mancha de phoma em folha nova

Fonte: Pólo de Excelência do Café (Fabio Alvarenga e Clayton Grillo Pinto)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *