Produtores rurais participam de Simpósio de Cafeicultores da Região do Caparaó/ES

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Cerca de 400 produtores rurais estiveram presentes no Simpósio de Cafeicultores da Região do Caparaó, que aconteceu no Iúna Campestre Clube (ICC), na cidade de Iúna – ES, e contou com o apoio do Sistema OCB-SESCOOP/ES, da COOCAFÉ e da COOFACI, entre outros. O evento que foi promovido pelo Incaper – Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, em parceria com a SEAG – Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Prefeitura Municipal de Iúna e Consórcio Caparaó, teve como objetivo discutir temas atuais que impactam a produção de café nas montanhas.

O primeiro palestrante do Simpósio foi o pesquisador do Incaper, Aymbiré Francisco Fonseca, que falou sobre “Renovação e Revigoramento de Lavouras de Café Arábica”. Aymbiré falou sobre as metas estabelecidas há cerca de quatro anos para o arábica da região e que já foi alcançadas na metade do tempo previsto, além de citar sobre a importância de conhecimento que possibilita avanços no meio rural.

Logo após o pesquisador, foi a vez de Paulo Piau, deputado federal e relator do Código Florestal, que falou não só sobre o código de forma geral, sua história e avanços, como seus impactos específicos para os produtores de café. O deputado falou de maneira simples e sucinta sobre o código e em seguida abriu espaço para perguntas, já sabendo que o tema gera grandes preocupações aos produtores.

Confira o depoimento das autoridades e dos presidentes de cooperativas que estiveram presentes no evento:

Paulo Piau, relator do Código Florestal: Hoje eu vim falar sobre o Código Florestal de maneira geral, para que cada produtor aqui presente entenda como ele funciona. É um texto que não é obra acabada, que contém imperfeições ainda, é um texto que essa dicotomia ambientalista ruralista fez com que a gente não aprofundasse no processo cientificamente, tecnicamente, mas é um texto extremamente melhor do existente hoje, portanto um texto absolutamente sancionável pela nossa presidente Dilma. Nunca houve consenso entre ambientalistas e ruralistas desde o início da caminhada, porque a porção dos protecionistas radicais era não alterar em nada o Código Florestal, e não alterar em nada é querer a cizânia em todo o território brasileiro. Essa questão das beiras dos rios, das APPs, a reconstituição de todas as APPs, dos morros, eu por exemplo, estou vendo ali a questão do café no morro, onde não há problema agronomicamente falando em produzir, desde que proteja o solo; o que nunca foi consentido pelos ambientalistas. Falou em produção, os ambientalistas estão contra lamentavelmente. Mas acho que faz parte desse jogo de contrapontos, mas o que importa na verdade é que a gente tenha produzido um texto que agora é aplicável.

Aymbiré Francisco Fonseca, pesquisador do Incaper: Nosso convite foi para falar sobre o programa Incaper Renovar Arábica, que é um programa que surgiu no sentido de alavancar as condições que o arábica se encontrava tanto do ponto de vista da produção, da qualidade e do volume produzido. Esse projeto foi lançado oficialmente em 2008, embora já tivesse ações iniciadas desde 2003/2004. O que eu venho fazer é uma avaliação, porque ele é um projeto previsto para até 2015 e queremos mostrar até onde avançamos até o final de 2011, e mostrar também que muitas das metas propostas já foram alcançadas e outras de forma parcial. Queremos criar um estímulo àqueles que ainda não aderiram de forma mais integral, que adotem essas técnicas, tendo em vista a realidade da competitividade e da produção sustentável de café. Boa produção dentro de boas práticas agrícolas é o que defendemos. O evento já é tradicional realizado na região do Caparaó e a gente sabe da presença efetiva de cafeicultores e autoridades, e nele temos a oportunidade de fazer uma prestação de contas e mostrar que o trabalho tem futuro.

Enio Bergoli, secretário de Agricultura do Estado: Essa é uma região de cafeicultura de arábica que daqui alguns dias começará sua colheita em um ritmo mais intenso. É muito importante ter encontros como esse para que a gente não coloque defeitos a partir da pós-colheita do café. Então as informações precisam chegar aos produtores e por isso é importante reunir aqui as lideranças, os produtores, cooperativas, para fazer chegar a informação de como se produzir com qualidade. Não interessa para essa nossa região, que é caracterizada por pequenos produtores de arábica, produzir tipo comodite , nós precisamos diferenciar nosso produto no sentido de colocar qualidade, vender com valor agregado maior para gerar mais renda. Hoje a maioria das propriedades dessa região aqui do Caparaó, produzem em áreas com menos de 10 hectares de café, portanto nós precisamos agregar valor, e o caminho é a qualidade. E a importância desse encontro é transferir, difundir tecnologias no sentido de não estragar o café no período da colheita que se inicia agora. Esses encontros são na verdade um pré-lançamento de uma ampla campanha que começou no norte do ES, no último dia 14, que foi o dia da colheita do café conilon no Estado, que aconteceu em Vila Valério e depois no dia 18 aqui na região, em Ibatiba, nós vamos lançar a campanha de melhoria de qualidade para essa região do arábica. Portanto, estamos fazendo como se fosse um pré-lançamento de uma ampla campanha que o governo do Estado,a SEAG e mais de 40 parceiros associados às cooperativas, a OCB, a FAES, a FETAES, o Centro de Comércio do Café de Vitória, as organizações que trabalham com pesquisa no Brasil, enfim, todas as cooperativas com a emissão de cartazes, de folderes, de dias de campo, encontros, são mais de 2.500 metodologias para fazer com que chegue informações para pelo menos 40 mil cafeicultores do Espírito Santo. Esse é o grande objetivo que nós temos. Evoluímos muito nos últimos anos em termos de qualidade mas precisamos evoluir mais. Qualidade por enquanto ainda gera uma renda adicional aos produtores, mas em um futuro não muito distante, ter qualidade pode significar a permanência do cafeicultor no mercado, e não só adicional de preço. O consumo de café no Brasil é crescente e em aproximadamente três ou quatro anos nós devemos ultrapassar os EUA em termos de consumo, com mais de 22 milhões de sacas consumidas internamente. Com isso, o Brasil vai continuar sendo o maior produtor do mundo, o maior produtor e também maior consumidor. Por isso a importância de estarmos difundindo essas tecnologias para agregar valor, para melhorar a qualidade e fundamentalmente gerar renda, especialmente nas propriedades. Aí entra o papel fundamental do cooperativismo no plano estratégico do governo, que agrega as pessoas, que faz chegar informação aos pequenos, que dá volume, que dá quantidade.

Evair Vieira de Melo, diretor-presidente do Incaper: O primeiro passo importante é que o Espírito Santo está consolidando o trabalho das cooperativas, pois o Estado não tem tanta tradição de cooperativas como em alguns outros estados brasileiros, mas com o trabalho que a OCB vem realizando nos últimos tempos, nós temos percebido esse crescimento. Isso traz um novo arranjo para a cafeicultura do ES e para que o produtor se torne cooperado, é essencial que ele receba mais informação e esse evento aqui hoje é exatamente para levar informação aos cooperados para produzirem com qualidade. A informação é o que diferencia um produtor cooperado!

Onofre Oliveira de Almeida Rodrigues, chefe do escritório do Incaper de Iúna: Nós estamos vivendo um momento importante da cafeicultura de recuperação de preços, mas também de incertezas por causa da crise internacional e também de dúvidas com relação ao código florestal, principalmente no que diz respeito ao plantio em regiões de montanhas e por isso trouxemos o Dep. Paulo Piau. Trouxemos também uma das maiores autoridades da Embrapa que está aqui presente, o Dr. Aymbiré. Com isso mostramos que existe toda uma animação das pessoas aqui presentes em movimentar a cafeicultura, em buscar informação e conhecimento.

Fernando Romeiro de Cerqueira, presidente da COOCAFÉ: A região está precisando fazer muitos eventos iguais a esse porque é uma oportunidade que o produtor tem de ouvir sobre as realidades da cafeicultura, sobre tecnologia, o que sempre ajuda o produtor a se desenvolver. A presença do Incaper aqui na região é muito importante porque juntamente com os técnicos da Coocafé, nós fazemos com que as informações cheguem com bom nível aos produtores. E para as cooperativas de modo geral, quanto mais o produtor tiver informado, produzindo com maior produtividade e maior qualidade, nós também somos beneficiados, porque esse é o objetivo da cooperativa: fazer com que o produtor, a família e a comunidade tenham progresso.

Paulo Márcio Reis Fernandes, presidente da COOFACI: O Seminário da cafeicultura é uma oportunidade que o produtor rural e as organizações tem de ter informação da situação no andamento da produção, legislação ambiental e de certa forma, mercado. Aqui nós temos condição de disseminar essa informação tanto para o produtor rural, dirigentes de organizações e técnicos. A expectativa é que após o evento, o resultado chegue na propriedade, nos órgãos que podem trabalhar com as demandas e de certa forma disseminar para mais pessoas.

Fonte: Gerência de Comunicação do Sistema OCB-SESCOOP/ES

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