Produtores de café questionam estimativa da Conab

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A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou na última terça-feira que a produção brasileira de café no ciclo 2011/2012 está estimada em 43,15 milhões de sacas. A Companhia diz que safra atual é 10,3%, ou 4,94 milhões de sacas inferior aos 48 milhões do ciclo anterior.

Este anúncio causou uma revolta geral entre os produtores da Alta Mogiana, Sul de Minas e Cerrado Mineiro, onde concentra-se grande parte da safra brasileira, além de representantes de grandes cooperativas do setor. Segundo eles, nestas regiões a quebra da safra deve girar entre 50 e 60%.

Ao contrário da estimativa da Conab, que é de 43,15 milhões de sacas, os produtores afirmam que ela não deve ultrapassar os 29 milhões de sacas. E isso levando-se em conta que esta é uma safra naturalmente menor dentro do ciclo bienal da cultura, que está no período de baixa produtividade. Diferentemente dos anos anteriores, em que a safra era colhida até o mês de outubro, este ano ela praticamente terminou no mês de agosto e a situação na região da Alta Mogiana e Sul de Minas é bastante grave.

Ricardo Lima de Andrade, engenheiro agrônomo, diretor da Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas) de Franca disse que realmente a região da Alta Mogiana foi a responsável pela maior quebra da safra dentro estado de São Paulo, ficando muito acima da média nacional. Para ele, talvez isso expresse a insatisfação dos agricultores sobre a estimativa da safra feita pela Companhia. “A Conab é a instituição oficial em nível de Brasil na divulgação da previsão da safra.

Ela vai a campo em diversas regões e estados e, em conjunto com as secretarias de Agricultura, outros órgãos competentes, empresas privadas e cooperativas ela faz a coleta de todas as informações para divulgar o relatório. O Brasil é bastante amplo em termos de cafeicultura. No número global da Conab, de confirmação da safra, já computado a baixa esperada, realmente houve uma quebra além do esperado. Este ano foi preciso mais volume de café da roça, ou seja, aquele colhido na árvore para obter um saco de café beneficiado.

Esse foi um dos motivos que configuraram a quebra”, afirmou Ricardo. Ele ressaltou também que a Cocapec, já finalizando a safra deste ano, está vivenciando a entrada de menos cafés nos seus armazéns. Luis Carlos Basso, produtor da Alta Mogiana disse que este ano houve uma perda grande no beneficiamento de renda que chegou a 20%. Segundo ele, o grão está mais miúdo e muito cascudo.

“E isso sem contar a quebra normal da bianualidade. Um dado importante é que em 2010 a colheita na região da Alta Mogiana atingiu cerca de 1,6 milhão de sacas de café e este ano, esse número foi reduzido para 400 mil sacas, ou seja, uma quebra de 60%. Somente em Franca, para se ter uma ideia, no ano passado 1,5 milhão de sacas foram colhidas e agora esse número não passou de 500 mil.

Produtor da região de Ribeirão Corrente, Pedregulho e Bahia, Fabiano Basso relatou à reportagem que sua produção teve uma enorme redução. No ano passado ele panhou 28 mil sacas e este ano somente 12 mil. Entre os vários fatores contribuíram com a quebra da safra estão as queimadas, a estiagem nos meses de janeiro e fevereiro e a geada, que assolou a pinha do café, prejudicando as lavouras em fase de enchimento dos frutos. Segundo especialistas do setor, a próxima safra corre o sério risco de ficar comprometida.

Anteontem, uma forte chuva atingiu a região de Franca, inclusive São Sebastiao do Paraíso, mas felizmente, segundo a Cooperaíso (Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso) ela não foi capaz de afetar a produção de café. Durante todo o ano no país, além da seca foram registradas temperaturas bem acima do que em anos anteriores, produzindo um grande prejuízo às lavouras. Quanto a 2012, nas regiões de menor altitude, é preciso chover mais.

Não só no Brasil como em todo o mundo a estiagem foi grande, o que prejudicou e muito a produção. No ano passado, em todo o mundo o consumo de café foi de 135 milhões de sacas contra 85 milhões em 2011. Atualmente, há quem diga que os estoques mundiais são irrisórios perto de anos anteriores e não devem chegar a 1 milhão de sacas. Diante de todos estes fatores, os produtores da região de Franca questionam a credibilidade da Conab, que já cometeu outros erros em estimativas passadas.

Fonte: AgnoCafe

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