Produtores de café investem em máquinas para aumentar área de plantio no Paraná

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O Paraná já foi o maior produtor de café do Brasil. Atualmente, é Minas Gerais que lidera a produção nacional. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), o estado tem uma área de 38 mil hectares plantada, deste total 36 mil estão em produção, com previsão de colheita entre 900 mil a 1 milhão de sacas beneficiadas de 60kg.

O produtor José Carlos Rosseto colhe o grão há mais de 50 anos no norte do estado. Começou ajudando o pai e hoje tem a ajuda dos filhos e de máquinas agrícolas potentes.

“Não dá nem para comparar com o que era antigamente. A evolução foi imensa. Hoje a gente tem máquinas para o pequeno, médio e grande produtor. Então, acho que tem condições de evoluir e de agregar maior valor à propriedade”, destacou.

Com mais tecnologia e conhecimento, a área de plantio aumentou. São cerca de 300 mil pés de café na propriedade da família.

Contudo, o produtor sabe que só isso não basta para ter sucesso.

“É preciso ter quantidade, porque nós temos sempre uma deficiência de preços de produto. Mas acho que a qualidade é um dos pontos mais importantes, a gente precisa buscar qualidade para agregar valor ao produto”, explicou o produtor de café.

Se antes o café já foi chamado de “ouro verde”, atualmente não desperta tanto interesse entre os agricultores paranaenses.

A redução de área plantada começou há 45 anos, de uma maneira drástica. No dia 18 de julho de 1975, uma forte geada, que ficou conhecida como geada negra, castigou as plantações, a maior parte era de café. Lavouras inteiras congelaram e foram destruídas.

Depois disso, muitos produtores desistiram do café e partiram para outras culturas.

“A geada de 75, como a gente vê relatos antigos, praticamente erradicou grande parte da cafeicultura aqui na nossa região. Na época, as plantações de café pegavam de Maringá até Londrina. Por conta dessa geada, os produtores passaram a plantar soja e milho, as áreas de café foram reduzindo”, explica o técnico agrícola, Patrick Rodrigues de Souza.

Aparecido Jesus Rosseto foi um dos que insistiram no café. Ele era adolescente na época da geada, mas ainda se lembra daquela manhã de julho.

Café não tem despertado o interesse do produtor paranaense — Foto: Reprodução/RPC

“Aquela geada foi o começo do fim mesmo. Foi brava. Ninguém aguentou mais. Mesmo a gente sendo novo, pequeno, a gente lembra que foi feio”, disse.

No início da década de 1970, a área de café plantada no Paraná ultrapassava 1 milhão de hectares. Hoje é de 38 mil hectares. A maior parte é produzida em pequenas propriedades, como a do Aparecido.
E, como nos últimos anos teve dificuldade de encontrar mão-de-obra, o produtor decidiu preparar a lavoura para a mecanização.

“Isso começa desde o plantio bem feito, alinhado pela máquina. Como a mão-de-obra está escassa, precisamos trabalhar de uma forma bem feita para precisar o mínimo possível de serviço manual”, explicou o agricultor.

A máquina de colher custou mais de meio milhão de reais e a dívida foi parcelada em 10 anos. Um investimento que deixou o trabalho mais rápido e menos pesado.

“Gostaria que meu pai estivesse aqui para ele ver essa tecnologia que chegou. A gente vai tocar pra frente, não vai parar”, se emocionou Aparecido.

“É uma coisa que a nossa família produz, que vai para muitas outras famílias, né? Que vai ter muitos momentos bons tomando um cafezinho . É mais um incentivo, ver que tá gerando uma alegria”, concluiu o produtor Leonardo Rosseto.

Fonte: RPC e programa Caminhos do Campo