Produtor rural usa mais tecnologia para a produção e comunicação, diz pesquisa

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Gestores das propriedades rurais brasileiras estão utilizando mais tecnologia tanto na produção quanto na comunicação, mostra pesquisa sobre o Perfil Comportamental e Hábitos de Mídia do Produtor Rural Brasileiro, da Associação Brasileira de Marketing Rural & Agronegócio (ABMR&A). O analista de pesquisa do Instituto IPSOS Brasil, Alexandre Torres, disse que os proprietários, seus filhos, gerentes e os demais responsáveis pelo gerenciamento dos estabelecimentos estão preocupados com a inovação.

"Às vezes alguns produtores têm resistência por ainda não ter familiaridade com as novas tecnologias, mas eles anseiam utilizá-las ou mesmo conhecê-las. Um exemplo disso é o movimento crescente dos gestores nos eventos rurais. Há uma profissionalização da atividade rural", disse. Segundo a pesquisa, o perfil do produtor revela que grande parte (42%) tem hábitos tradicionais. Inovadores compõem 34% do total e os outros 24% são considerados informados e "antenados". Conforme o pesquisador, as novas gerações estão evoluindo na aquisição do conhecimento e uso de tecnologias.

Com relação à exposição aos meios de comunicação, a pesquisa mostra um aumento do acesso à internet. No levantamento de 2009/10, 30% acessavam internet. Agora, o porcentual passou a 39%. 34% leem jornais (ante 32%). "Vemos a mudança da relação do produtor rural com os meios da comunicação. As principais finalidades das redes sociais para ele é o uso técnico, para busca e disseminação de suas informações", explicou o diretor da IPSOS Brasil, Diego Oliveira.

O aumento de renda também foi observado na pesquisa deste ano, com destaque para o produtor de grãos. O movimento é observado na diminuição das áreas arrendadas (de 11% para 8%) e aumento das áreas próprias (de 78% para 84%); na formação (79% ainda possuem superior incompleto, mas 6% já completaram o nível superior, 12% com pós-graduação e 3%, mestrado/doutorado/MBA). Praticamente metade dos entrevistados possui residência no campo: 47% ante 51% na edição anterior. Já os produtores que possuem residência na propriedade e na cidade são hoje 30%, contra 26%. "O que justifica a alta escolaridade do filho", ressaltou o presidente da ABMR&A, Daniel Baptistella.

Conforme dados da pesquisa, considerando as culturas sazonais, a grande maioria dos produtores adota o plantio direto: 85% ante 15% do plantio convencional. "Isso é sustentabilidade: diminui compactação do solo, assoreamento do rio, se investe mais em pecuária integrada, entre outros", explicou Baptistella. Na comercialização da produção da safra 2012/2013, o levantamento notou um crescimento das cooperativas (35% do total), seguidas de comerciantes (17%), armazenadores (15%) e atacadistas (9%). Nas outras modalidades de comercialização da safra, o mercado futuro é o mais utilizado (21%), mais pelos grandes produtores (37% ante 25% de médios e 12% de pequenos produtores).

Dentre as fontes de financiamento de custeio, a maioria ainda provém de recursos próprios (76%), seguido de empréstimo bancário/crédito rural (53%) e célula de produtor rural – CPR (19%). A pecuária apresenta o maior porcentual de utilização de recursos próprios (80%). "Os créditos existentes no mercado ainda não estão tão disseminados e utilizados pelo pecuarista", destacou Baptistella.

Sobre a intenção de compra de maquinários para a propriedade, 21% querem comprar tratores, 13% caminhonetes e 12% pulverizadores. "Se todos eles forem adquirir tratores, por exemplo, teremos problema de fornecimento, porque mesmo importando os produtos disponíveis não atenderão toda a demanda", disse o presidente da ABMR&A.

Foram realizadas 2.581 entrevistas, sendo 1.930 com gestores de 11 culturas (cana, soja, milho, café, algodão, laranja, arroz, feijão, tomate, batata e trigo) de nove Estados e 661 entrevistas com produtores de carnes (pecuária de corte, de leite, avicultura e suinocultura) de 10 Estados. "Apesar de no Brasil termos mais de cinco milhões de produtores é uma amostra relevante nas culturas e rebanhos", ressaltou Torres. Os homens ainda são maioria (90%), mas o porcentual de mulheres está aumentando: de 7% para 10%.

Na pecuária de corte, a média de abate dos animais é de 29 meses, sendo que o maior porcentual das propriedades (58%) abate os animais entre 25 e 36 meses. O peso médio do abate é de 20 arrobas. Na pecuária de leite, o número médio de animais nas fazendas é de 109 cabeças. A ordenha mecânica é a principal forma de extração de leite (76% grande propriedades). Mesmo sendo mais comum em pequenas propriedades (41% do total), a ordenha manual está presente em menos da metade delas.

A maior preocupação do criador de rebanhos é a qualidade de seu produto (61% do total), mas a atenção com a mão de obra vem crescendo (52% do total). "A mão de obra vem ganhando relevância, porque o produtor tem sido constantemente cobrado por essa qualidade", disse Baptistella.

 

Fonte: Agência Estado (Suzana Inhesta)

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